Eu protelei muito para falar sobre essa briga entre Textor e Eagle/Ares por aqui, pois claramente as duas partes estão colocando em prática ações que visam dar publicidade às suas respectivas narrativas sobre tudo que envolve esse conflito societário. Todas as vezes em que me manifestei no Twitter ou no Fala Fogão o desgaste foi muito grande, chegando ao ponto de eu ser mais xingado agora do que fui ao defender a permanência do Castro em seu pior momento. A nossa sociedade, infelizmente, já está programada para que todos nós tenhamos que escolher um lado, e a partir disso são formadas verdadeiras torcidas. Todo esse cenário acaba sendo um prato cheio para reações muito cheias de emoção e impulsividade, exatamente o contrário do que sempre busco nas minhas análises. Mas tudo isso não pode me fazer protelar mais esse texto por aqui, então vamos conversar sobre isso um pouco…
Quero começar dizendo que, independentemente de qualquer desfecho, a mais profunda gratidão possível pelo Textor estará sempre presente em mim, assim como o agradecimento por todas as conversas que já tivemos e toda a educação que ele sempre teve comigo. O Textor é um cara muito gente boa, isso é inegável.
Isso dito, eu acredito que todos nós tenhamos que separar esse carinho que temos por ele daquilo que deve ser necessariamente uma análise técnica e não emocionada. Do ponto de vista da gestão financeira, me parece muito claro que as ações do Textor foram a principal motivação para que o Botafogo esteja passando pelo que está passando no momento (assim como foram responsáveis pelo nosso 2024 mágico, obviamente).
Já venho falando há bastante tempo que, na minha opinião, o Textor acelerou a Eagle de maneira bem mais rápida do que seria prudente. Obviamente, não podemos ignorar que essa aceleração nos deu a possibilidade de criar um Botafogo capaz de ganhar coisas gigantes, mas igualmente não podemos ignorar o custo potencial dessa alavancagem do Textor.
E é nesse ponto que reside o meu principal receio de permanecermos ligados ao Textor. Não sei se ele irá assumir um perfil um pouco mais moderado, e esse precisa ser um fator muito bem analisado, afinal, o Botafogo precisa ser economicamente sustentável o mais rapidamente possível. Caso o Textor não faça nenhum tipo de ajuste em seu perfil, estaremos novamente no meio de transações financeiras que podem tornar o que já é preocupante em algo ainda mais complexo e de difícil condução.
De coração, tudo o que eu quero é que o Botafogo seja gerido com uma responsabilidade financeira maior, mais transparência e que a nossa mentalidade esportiva seja exatamente a que o Textor tanto fez/faz para implementar no clube. Será que todos esses meus desejos são incompatíveis? Não acho. Mas talvez a gente precise dar um passo atrás para conseguirmos chegar onde eu gostaria de nos ver.
Isso quer dizer que sou do time “Fora Textor”? Não. Como vou tomar uma posição sem conhecer exatamente os planos que as outras partes têm para o Botafogo? Como vou abrir mão da visão esportiva excelente que o John tem sem saber como os outros pensam o nosso futuro esportivo?
Seria uma tragédia ser gerido ou vendido pela Eagle? Não vejo dessa forma, mas sem dúvida nenhuma essa é uma opção que nos traz ainda mais dúvidas do que permanecer com o Textor. Essas dúvidas me deixam igualmente preocupado, pois embora eu defenda um maior rigor na gestão financeira, eu não quero ver o Botafogo eventualmente tendo que voltar a ser insignificante esportivamente.
Se o plano dessas novas partes for mais flexível, ou seja feita uma nova venda para um grupo sólido e responsável, o cenário ficaria menos turbulento.
No final, eu torço para que o Botafogo veja a melhor decisão para ele sendo tomada. Se o nosso caminho for continuar com o Textor, ficarei feliz desde que ele faça os necessários ajustes de gestão, pois não consigo ver um caminho sustentável se continuarmos nesse modelo de alavancagem severa.
Eu realmente não me importaria em passar um tempo com investimentos mais modestos em jogadores e bem mais pesados em estrutura. O Botafogo PRECISA focar em virar um clube formador de excelência, pois só assim conseguiremos bater de frente com os times mais ricos do Brasil de forma sustentada e não dependente quase que inteiramente de investimentos externos.
Essa briga toda pode acabar sendo uma oportunidade para que uma readequação de rota seja feita. Tomara que a SAF não perca essa oportunidade.