Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco: as SAFs e suas lutas inglórias contra o atraso que impera no futebol brasileiro

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John Textor visita campo anexo sintético do Estádio Nilton Santos, do Botafogo, em junho de 2023
Vítor Silva/Botafogo

A união das maiores SAFs do futebol brasileiro – Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco – é algo significativo, pois evidencia o conflito entre o futebol gerido de maneira amadora e o gerido de forma profissional. Quando todos os principais clubes do Brasil se reúnem e não conseguem chegar a um acordo global, fica claro que a mentalidade da maioria dos dirigentes ainda é ultrapassada e clubista.

Historicamente nunca tive muitas expectativas positivas em relação à formação de uma Liga, mas confesso que alimentei uma pequena esperança de que, desta vez, tudo seria conduzido de forma diferente. Imaginei um cenário capaz de forçar o entendimento entre os clubes, considerando o aumento das cifras envolvidas no futebol (tanto no lado das receitas quanto no lado das despesas). Para aproveitar ao máximo esse cenário, é necessária uma estrutura complexa que ofereça as ferramentas corretas para que os clubes possam potencializar seus ganhos e também diversificar suas fontes de receita.

No entanto, ver que a discussão está travada principalmente na divisão das cotas de direitos de transmissão é a prova inequívoca de que os dirigentes dos clubes associativos não compreendem os conceitos básicos que fundamentam uma Liga. Ao priorizar seus interesses individuais e não pensar no fortalecimento por meio da união, os dirigentes perdem uma oportunidade significativa de impulsionar a qualidade e visibilidade do futebol brasileiro. A visão imediatista de quem cumpre mandatos e precisa prestar para conselheiros e torcida é uma âncora que nos impede de avançar. Infelizmente, o sistema do futebol brasileiro é projetado para perpetuar a mediocridade e a incompetência, mantendo o poder nas mãos dos mesmos personagens.

Nesse contexto, as SAFs surgem como uma esperança, pois não precisam “jogar para a torcida” e têm ações baseadas em critérios técnicos. Todas as SAFs são dirigidas por empresários que ainda estarão gerindo seus clubes-empresa daqui a cinco anos (exceto em casos de venda, é claro). Além disso, eles sabem que sofrerão diretamente as consequências de suas decisões atuais no futuro.

Não é à toa que as maiores SAFs se uniram e formaram um bloco separado. Todo esse movimento parece natural e extremamente acertado. Não faz sentido continuar com as mesmas práticas e esperar resultados diferentes. Embora esses clubes-empresa cometam erros em suas gestões, eles ocorrem em um contexto muito mais profissional do que nos clubes associativos. As SAFs estão nos mostrando o caminho que o futebol brasileiro deve seguir, e espero que os demais clubes percebam isso em prol de todos.

Estamos diante de uma enorme janela de oportunidades, mas será em vão se o futebol brasileiro ficar parado diante dela apenas admirando o futuro glorioso, em vez de se juntar a ele.

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