Há algum tempo, venho planejando escrever especificamente sobre as lições aprendidas pelo John Textor com o final de 2023, mas acabei adiando várias vezes o texto devido aos jogos decisivos das últimas várias semanas. Acredito que uma boa análise só é realmente eficaz quando consegue fazer justiça tanto aos erros quanto aos acertos do seu objeto. Muito se falou sobre os erros evidentes cometidos pelo Textor na reta final de 2023 (não lutar mais fortemente pela permanência do Castro, demitir o Laje após o motim dos jogadores, não ter reforçado um pouco mais o elenco, ter efetivado o horroroso Lucio Flavio, etc), mas hoje considero necessário destacar como ele lidou com esses erros e o que foi capaz de criar a partir deles.
O primeiro ponto a ser destacado é o fato de Textor ter feito uma autoanálise justa e responsável e, mais do que isso, de ter admitido seus equívocos publicamente. Pessoas em posições como a dele frequentemente enfrentam momentos difíceis, mas raramente assumem suas responsabilidades, mesmo que parciais, por grandes fracassos. Em um ambiente carregado de paixão e irracionalidade, como o futebol, esse tipo de reconhecimento se torna ainda mais raro e difícil. Ao não se esquivar, Textor passou uma mensagem importante para a torcida e o público em geral: o Botafogo tem um compromisso inegociável com a melhoria contínua.
Talvez o maior símbolo desse processo de identificar e corrigir erros tenha sido o momento em que Textor decidiu retomar as rédeas na escolha do técnico que seria contratado para o lugar do Tiago Nunes. Ao fazer isso, ele reafirmou a confiança nas próprias convicções, o que acabou colocando as coisas de volta nos trilhos. Não quero dizer que o Botafogo deve ser dirigido de forma ditatorial, mas sim que ninguém possui uma visão tão completa e detalhada sobre o caminho a ser seguido pelo clube quanto o próprio John. No futebol brasileiro, é raro vermos um clube com objetivos tão claramente definidos e uma estratégia tão bem planejada para atingi-los.
Obviamente, o Textor não é um personagem perfeito. Podemos dizer, com justiça, que ele não teve a postura mais adequada possível em relação às denúncias de manipulação (deixando claro que não divirjo do conteúdo, mas sim da forma de expressar o mesmo). Entretanto, isso não pode ocultar a nítida evolução dele como líder do projeto Botafogo. Em 2024, vimos um Botafogo empenhado em corrigir cada ponto negativo do ano anterior.
Hoje, temos um elenco que oferece ao treinador uma qualidade e diversidade invejadas pela maioria dos clubes. Nossa comissão técnica é excelente e está alinhada com a visão do Botafogo e de Textor. Melhoramos significativamente nossa estrutura física com o novo Centro de Saúde e Performance, trouxemos jogadores de nível técnico claramente acima da média do nosso futebol, nosso setor de scouting mostrou-se cada vez mais assertivo, especialmente na última janela, e tudo isso nos levou a esta reta final de ano com a certeza de que temos plenas condições de conquistar os dois maiores títulos possíveis para um time brasileiro.
O caminho ainda é longo até que sejamos uma referência definitiva no futebol brasileiro em todas as áreas, mas é evidente que Textor sabe exatamente como nos colocar nesse nível e como nos fortalecer para enfrentarmos os problemas/obstáculos que inevitavelmente aparecerão.
No futebol, é impossível garantir 100% que taças serão conquistadas, mas o John nos oferece a certeza de que o caminho para um futuro de conquistas está bem mapeado.
Entre mais acertos do que erros, estamos nos tornando o clube que sempre sonhamos.