Botafogo dobrou a aposta, e todos nós entramos com ele

Botafogo dobrou a aposta, e todos nós entramos com ele
Vítor Silva/Botafogo

Sim, o Botafogo decidiu abrir mão de tudo nesses dois primeiros meses da temporada 2025. John Textor deu o comando, e o clube simplesmente se viu confortável para não fazer uma preparação física e tática capaz de dar sequência ao trabalho de 2024 ou até mesmo de testar mudanças. A escolha foi por ignorar completamente um período raro de treinamentos, com a justificativa de que tudo que é realmente importante só acontece a partir de abril. Devo dizer que concordo sobre não priorizar o Carioca e as taças da Supercopa/Recopa, mas fazer uma escolha deliberada por não estar nem no nível de competir acabou sendo algo com algum grau de desrespeito aos jogadores e à torcida também. Claro que eu queria ganhar tudo, mas não vejo os resultados como o real problema, e sim a falha na preparação.
 
É certo dizer que a temporada está comprometida e que tudo está errado? Absolutamente não! Para alguns torcedores, parece ser impossível criticar esse início de ano terrível e, ao mesmo tempo, estar muito esperançoso com relação ao restante da temporada. Quero dizer para esses torcedores que o Botafogo não é uma terra arrasada, por mais que muitos (rivais, imprensa, alguns botafoguenses…) descrevam o cenário dessa forma. O clube conseguiu montar um elenco que, embora possua algumas lacunas (mais um ponta-direita de origem, um lateral-direito e um meia), pode ser extremamente competitivo e forte caso o trabalho do Renato Paiva tenha êxito.
 
Continuamos sendo capazes de investir altas cifras e de encontrar jogadores de qualidade, algo que não está ao alcance da maioria dos clubes. Mesmo sem técnico, fomos ao mercado e, devido à existência de parâmetros extremamente bem definidos sobre como o Botafogo quer jogar, conseguimos repor as saídas com jogadores que possuem potencial para superar o desempenho de quase todos que saíram. Obviamente, Luiz Henrique e Almada estão em outra “prateleira”, e as suas saídas devem ser tratadas de uma maneira diferenciada, mas quem sabe o Santi não consegue resolver a falta do Almada, por exemplo? Deixemos o tempo e o trabalho fazerem as suas “mágicas”…
 
Estou chateado com tudo que rolou até agora, mas sigo confiante de que iremos dar a volta por cima. O Textor resolveu dobrar a aposta, e todos nós obrigatoriamente entramos nesse “all in” com ele, mas esse movimento não foi feito sem embasamento. Claro que não nos preparamos da maneira adequada e obrigatória para o time campeão da América e do Brasil, mas teremos material humano, estrutura física e tempo suficiente para fazermos uma preparação de alto nível, e que nos coloque mais perto do nível que devemos sempre estar.
 
O nosso momento pede que tenhamos a mesma preparação mental de um tenista de elite e campeão dos maiores torneios do circuito, ou seja, ficarmos presos nos erros evidentes cometidos pelo Textor nesse início de ano só nos aproximará de uma falha no “próximo ponto”. Agora é hora de focarmos na “próxima jogada” e nas coisas boas também feitas pelo Textor, e que nos oferecem a capacidade de vencermos os maiores torneios.
 
Como diria a grande pensadora Elsa: “Let it go”, ou seja, deixemos as cagadas para trás e sigamos o nosso caminho.

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