A notícia da saída de Davide Ancelotti faz com que o Botafogo, por mais um ano, inicie o seu planejamento para a temporada seguinte de uma maneira muito ruim. Porque acaba sendo um planejamento com muita indefinição. A gente está há duas, três semanas de iniciar a temporada e está sem técnico, sem preparador físico, sem uma comissão técnica para planejar os trabalhos.
Enfim, eu sei que o Botafogo evoluiu muito e conseguiu montar uma estrutura que hoje é infinitamente melhor do que sempre foi. Então não é que o clube não tenha profissionais que consigam fazer um planejamento inicial, urgente, se for o caso. Agora, não tem como comparar quando você, de fato, tem uma comissão técnica formada e estabelecida montando esse planejamento.
E aí também temos que falar da questão dos reforços. O treinador que chegar vai ter como influenciar em alguma coisa nos reforços? Ou ele já vai assumir tendo reforços engatilhados e um perfil de jogador definido, que talvez ele queira mudar um pouquinho ou queira mudar bastante? Claro que a gente parte do princípio de que a escolha vai se basear também nesse perfil que já foi pensado pelo Departamento de Futebol.
Então não adianta você querer um time leve, ágil, forte e muito bem preparado e ir atrás de um treinador que preza mais o toque de bola, um jogo mais cadenciado. Porque aí, obviamente, uma coisa não vai casar com a outra. A gente espera que a escolha do próximo técnico esteja, de fato, alinhada com o perfil que vem sendo divulgado, até pelos próprios nomes que o Botafogo tentou no mercado.
Surgiu no noticiário o nome de Rafael Guanaes, que fez uma temporada maravilhosa pelo Mirassol. Quando surgiu o nome dele, eu fiquei me perguntando: e aí, o que será que eu acho sobre esse cara? Cheguei na conclusão que eu não gostaria de fazer uma nova aposta. Eu acho que o momento não pede isso. A gente precisa de um treinador já muito testado, aprovado, de qualidade inquestionável, com bons trabalhos feitos e que conheça do futebol brasileiro, preferencialmente.
Guanaes fez uma excelente temporada, mas ele não é um cara super testado. Pode dar certo? Claro que pode. Dentre os técnicos brasileiros promissores, o Guanaes me parece ser a melhor aposta possível. Agora, será que isso é o suficiente para o estágio atual do Botafogo? Eu não faria essa movimentação. Não nesse momento, não no cenário que a gente vive.
Importante lembrarmos da dificuldade que a gente vai ter nesse começo de temporada, ainda mais com o Campeonato Brasileiro começando já em janeiro e a questão da pré-Libertadores, e isso tudo dificultaria a busca por um outro treinador europeu.
O Botafogo precisa voltar para o caminho correto. A gente precisa fazer uma temporada de 26 mais estruturada, pensada e bem executada do que foi em 25. A gente precisa voltar a crescer ano após ano, e apresentar uma evolução enquanto clube.
Então é mais do que necessário a gente pensar direitinho, mas também não ter aquela calma toda para executar, porque o futebol brasileiro é muito cruel. E a temporada de 26 tende a ser ainda mais complicada que o habitual pela mudança de calendário, Copa do Mundo e tudo mais.