Botafogo precisa entender melhor como se colocar na briga pelo título do Brasileirão

Ontem em São Januário, o Botafogo deixou dois pontos para trás e, mais do que isso, me deixou uma sensação ruim de que o time não entrou com a mentalidade e com a intensidade corretas para fazer valer o seu maior nível técnico e tático. Obviamente é preciso considerar que estamos falando de um clássico fora de casa, mas igualmente não podemos desconsiderar que o time do Vasco é bastante fraco e que está lutando para não cair.
 
Ao longo de diversos vídeos de bastidores e entrevistas coletivas, pudemos ver e ouvir o Artur Jorge falar incessantemente sobre a necessidade de o elenco possuir uma mentalidade vencedora e que coloque o time sempre em um alto nível de concentração e desempenho. Acontece que ontem tanto os jogadores quanto o próprio Artur não alinharam esse discurso com a prática dentro de campo. Desde o primeiro tempo, o Botafogo dominou as ações, mas sem ser intenso o suficiente para colocar o Vasco “contra as cordas” para depois realizar o “nocaute”. Vimos um time taticamente mais preparado que o rival, com mais qualidade, porém, aparentemente igualmente satisfeito com o empate.
 
Na volta do intervalo, o Artur já deveria ter iniciado com o Júnior Santos, pois o “Raio” tem exatamente o tipo de postura “agressiva” que tanto nos faltou na primeira etapa. Ao não voltar com o Júnior, o Botafogo continuou na mesma toada e tivemos que esperar até o décimo primeiro minuto para que víssemos a tão necessária entrada dele. Desse momento em diante, o Botafogo começou a ser um pouquinho mais incisivo e acabou chegando ao gol através da nossa fortíssima bola parada.
 
Com a vantagem, eu esperava que o Botafogo fosse jogar de maneira inteligente e objetivando sacramentar o placar com mais um gol, mas, infelizmente, o Artur resolveu contrariar a sua própria maneira de pensar o futebol e fez alterações que praticamente dizimaram as nossas ações ofensivas em velocidade e que acabaram por trazer o Vasco para o jogo, mesmo que de maneira não tão perigosa por conta da imensa dificuldade que eles têm para jogar futebol nesse momento.
 
Ontem, o Artur deveria ter tido a postura ofensiva que teve no segundo tempo contra o Bahia no Nilton Santos e, naquela derrota, ele deveria ter tido a leitura que teve ontem, ou seja, faltou a ele um maior entendimento dos cenários de cada partida. O Vasco é um time extremamente limitado e que sofre muito para agredir o adversário, mesmo jogando em casa. Já o Bahia tem um excelente meio-campo e sempre realiza substituições no segundo tempo visando aumentar a velocidade do time e uma maior verticalidade. Eram dois cenários muito distintos, tendo para mim o mando de campo um peso menor do que aparentemente teve para o Artur.
 
O Botafogo precisa se impor contra times mais fracos que ele, pois somente essa postura nos fará colecionar resultados capazes de nos fazer lutar efetivamente pelo título. Sempre é importante lembrar que o Artur ainda está passando pelo processo de “aclimatação” ao nosso futebol, e, por isso, equívocos são mais do que esperados.
 
A minha torcida é para que as lições oferecidas por esses erros sejam aprendidas o mais rapidamente possível, coisa que tenho convicção de que ocorrerá. Esse Botafogo do Artur vai ser muito forte, tenho zero dúvida sobre isso, mas é preciso ter a postura correta em cada cenário de jogo que estivermos inseridos.
 
Seguimos!