Criticar o ano de 2025 do Botafogo é sinônimo de ingratidão?

Criticar o ano de 2025 do Botafogo é sinônimo de ingratidão?
Vítor Silva/Botafogo

Bom, nos últimos tempos, nas últimas semanas, meses e dias, a gente, dentro da torcida do Botafogo que está aqui na internet, tem vivido uma dinâmica curiosa. É sempre bom reforçar que isso é uma bolha, que não representa a maior parte da torcida, porque essa maioria provavelmente nem está aqui na internet. Então, tudo que eu vou falar é baseado na amostra que eu tenho por estar escrevendo no FogãoNET, participando de lives no “Fala Fogão”, escrevendo no Twitter e acompanhando lives de alguns colegas da mídia independente botafoguense.

Tendo contato com essa parcela da torcida, eu vejo que existe uma questão clara. Quando você faz críticas ao que vem acontecendo no Botafogo, principalmente fora de campo, aparece um movimento automático de tentar te colocar como hater do Textor. Dentro de campo isso nem entra tanto nesse lugar, porque aí está todo mundo meio no mesmo barco. Ninguém está gostando tanto do desempenho, todo mundo acha que poderíamos jogar mais, que temos qualidade para jogar mais. As lacunas são claras. O Davide realmente erra muito, o que é esperado para um profissional iniciando carreira num cenário tão complicado quanto é o Botafogo de 2025 e o futebol brasileiro de maneira geral. Então, o debate mais pesado fica restrito ao fora de campo.

Aí surge essa questão. Se você aponta erros, você vira automaticamente um hater do Textor. E isso tem acontecido com alguma frequência. Sempre que abordamos essa novela do Textor e Eagle/Ares, aparece essa “leitura” equivocada. E isso me incomoda muito, porque muitas pessoas acham que o simples fato de criticar decisões erradas ou comportamentos inadequados significa que, da noite para o dia, eu virei um inimigo do Textor.

Eu não tenho absolutamente nada contra o Textor no nível pessoal. Nada. Já falei inúmeras vezes que gosto dele pessoalmente. É uma pessoa agradável de estar perto, divertido, com boas sacadas, educado. Só que ele vem colecionando decisões equivocadas num número infinitamente maior do que me parece ser aceitável. Ninguém espera que ele acerte 100% das decisões. Todos nós erramos muita coisa nas nossas vidas. Agora, em 2025, ele praticamente tirou o ano para tomar uma decisão pior do que a outra em sequência. É quase um milagre estarmos onde estamos no Campeonato Brasileiro, porque com a quantidade de coisas ruins feitas ao longo da temporada, não era para estarmos brigando como estamos.

E falar isso não é ser ingrato, não é não reconhecer méritos. Nada disso. Eu sou extremamente grato por tudo que vivi desde o início da SAF, principalmente em 2024. Foi um ano mágico. Aqueles últimos 15 dias da temporada foram um sonho virando realidade. Acho que nem em sonho a gente conseguiria montar um roteiro daquele. E ele tem muito mérito nisso. Mas ele não vive só de mérito. Ele também tem responsabilidade pelos erros que comete. E a gente precisa apontar esses erros. Isso não tem nada a ver com ingratidão.

Crítica é necessária, da mesma maneira que elogio também é. Só que tanto um quanto o outro precisam ser merecidos. Se uma decisão merece crítica, ela precisa ser criticada, na bola, sem covardia, sem insultar ninguém. E se merece elogio, o elogio tem que ser feito. Isso é o que eu venho fazendo desde sempre.

Me parece que isso é um reflexo da sociedade que a gente vive hoje. A dicotomia permanente, esse negócio de que ou você está de um lado ou está do outro. As pessoas desaprenderam a discordar. Quando você diz algo que a outra pessoa não quer ouvir, ela automaticamente cria uma narrativa que sirva ao que ela está querendo pensar de você. Isso é muito claro para mim. E eu preciso combater isso. Porque as coisas não funcionam assim. A gente precisa manter o senso crítico, porque só assim vamos fazer análises equilibradas. Não pode rolar rabo preso com ninguém.

No meu caso, não tenho rabo preso com ninguém no Botafogo. Sempre tratei todo mundo muito bem e sempre fui muito bem tratado. Tenho contato com pessoas importantes da SAF e esses contatos sempre foram cordiais e respeitosos. Tenho admiração por esses profissionais, porque eles mudaram o Botafogo. O Botafogo hoje é um clube muito melhor do que sempre foi. Agora, isso não deve fechar nossos olhos para os erros que aconteceram.

E é por isso que esse assunto tem me incomodado tanto. Não podemos cair nessa de que criticar significa ser ingrato. Isso é distorção da realidade. A prioridade sempre foi, é e sempre será o Botafogo. E não importa quem esteja no comando. Eu torço muito para que tudo se ajeite, que o Textor resolva tudo que precisa resolver e que consiga estar forte para fazer o Botafogo forte. É isso que todo mundo gostaria. Agora, se ele não tiver condições de fazer isso, vamos lamentar, mas que chegue outra empresa ou outra pessoa que consiga fazer.

A vida é assim. O mundo dos negócios funciona assim. O Textor não veio para o Botafogo por ser botafoguense desde criança. E da mesma forma, nós temos que pensar sempre no Botafogo acima de qualquer pessoa. Por mais gratidão que tenhamos, a prioridade é o clube.

Infelizmente estamos no meio de uma situação que demanda muita paciência e muita responsabilidade. E é isso que eu estou tentando ter. Paciência e responsabilidade, apontando erros e acertos. Independente de quem os tenha cometido. Eu realmente acho que esse é o caminho correto.

Agora é torcer para que tudo se ajeite e para que continuemos evoluindo como clube. Porque a SAF Botafogo claramente vem numa linha de evolução. E precisamos que isso continue sendo a nossa realidade. Acabou o tempo de comparar o que temos hoje com o Botafogo associativo.

A comparação precisa ser com aquilo que estamos construindo no Botafogo SAF. E esse é o compromisso que eu assumo ao falar sobre o Botafogo.

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