O começo de 2025 está nos trazendo algumas lições bastante importantes, sendo a maior delas a necessidade de exercitarmos o desapego. Ao longo de 2024, nós fomos criando uma identificação muito grande com o elenco, e essa ligação foi tão forte que houve um “perdão” aos remanescentes de 2023. Quero discutir um pouco essa forma desapegada que a SAF Botafogo vem colocando em prática nesta janela de transferências.
Creio ser preciso dividirmos essa questão do desapego em três categorias: atletas em final de ciclo, jogadores contratados pela Eagle e jogadores que o clube não teria problema em manter, mas também não se opõe a liberar.
Atletas em final de ciclo
Nesse ponto, o Botafogo acertou em cheio! Em um clube gerido profissionalmente, não pode haver qualquer tipo de renovação por gratidão, mesmo que a saída doa nos corações de uma parcela da torcida. É preciso “oxigenar” o elenco e as lideranças, pois isso faz com que exista sempre aquela “fome” de fazer história no clube.
Jogadores contratados pela Eagle
Almada e Luiz Henrique jogaram no Botafogo apenas por fazermos parte de um grupo (Eagle) global e com alto poder de investimento. Quando esse tipo de jogador chegar ao Botafogo, nós precisaremos ter a noção de que eles sairão em, no máximo, um ano e meio. O objetivo do Botafogo será sempre tirar vantagem esportiva desse tipo de passagem, e sinceramente não vejo problema algum nisso. Tomara que outros tantos venham, ganhem taças e sigam suas vidas.
Jogadores que o clube gostaria de manter, mas não se opõe a liberar caso veja sentido
Nessa categoria estão as saídas mais controversas e que possuem potencial para gerar fortes emoções na torcida. Me arrisco a dizer que esse é o perfil de saída onde mais veremos os conceitos da SAF sendo expostos. Se pegarmos o caso Júnior Santos como exemplo, veremos que se trata de um jogador que a SAF e a torcida gostariam de manter, que é um atleta com características únicas no elenco, uma pessoa muito querida pelos profissionais do departamento de futebol e que hoje seria titular. Dito isso, também estamos falando de um jogador que completará trinta e um anos em 2025, que foi contratado por um valor muito abaixo dos 8 milhões de dólares oferecidos pelo Galo e que não aceitou ficar no Botafogo mesmo com aumento salarial. Dentro desse cenário, a SAF se viu em uma posição até mesmo confortável para aceitar a proposta, pois é, de fato, um excelente negócio do ponto de vista financeiro.
Ao analisarmos essas três categorias, fica muito claro que a SAF Botafogo busca fazer a “roda girar” através de diretrizes mercadológicas e estritamente profissionais, ou seja, ela obviamente (amém!) funciona como uma empresa. Nós, torcedores, precisamos nos adaptar a termos apego somente ao nosso escudo, não a jogadores. Lógico que sempre teremos um carinho especial por um ou outro jogador, mas precisaremos ter a exata noção de que o Botafogo não realizará nenhuma loucura para manter quem quer que seja e encerrará ciclos independentemente da relação que a torcida tenha com o atleta.
A conclusão desse pensamento se apresenta de maneira muito clara: o Botafogo buscará sempre ter atletas de alto nível, sendo todo e qualquer jogador “vendível”, basta que ele queira sair e que a SAF receba o valor definido como adequado. O que nos resta é torcer para que continuemos a ganhar taças e que as despedidas ocorram em um ambiente repleto de gratidão e respeito, como foi no final de 2024.
Desapeguem!