Nos últimos dias vimos um agravamento claro na crise societária na qual o Botafogo está envolvido. Um agravamento que, inevitavelmente, nos reconecta com figuras que preferíamos nunca mais encontrar dentro do modelo de SAF que adotamos. É natural que esse ressurgimento traga à tona mágoas, rancores e traumas que muitos de nós ainda carregamos. Mas, justamente por isso, venho defendendo que façamos ao menos um esforço de separar essa carga emocional dos elementos que precisamos analisar com seriedade. Não falo em esquecer o passado (longe disso!!), mas acredito que o cenário atual exige que procuremos uma análise equilibrada e imparcial do que está acontecendo.
Sempre deixei muito claro que meu modo de analisar é simples: criticar quando necessário e elogiar quando merecido. Não faço distinção alguma. Não julgo ninguém antecipadamente, de forma definitiva, apenas por ser quem é (mesmo quando se trata de pessoas pelas quais não tenho a menor simpatia). Quando o nome do Montenegro apareceu no noticiário, eu também fiquei puto. Mas, em momento algum, achei que o melhor caminho seria fechar os ouvidos ou rejeitar tudo o que viesse dele sem analisar o conteúdo/contexto. Prefiro colocar o peso das minhas avaliações no confronto entre o que foi dito e o que a realidade mostra. Quem me acompanha sabe o valor que dou à realidade, pois ela sempre se impõe, gostemos ou não.
Não estou dizendo que apoio o Social de maneira irrestrita. Para mim, uma eventual retomada de controle seria uma tragédia. Mas também não vou deixar de dar razão ao que for correto e melhor para o Botafogo, mesmo que isso venha pelas mãos dessa galera que a gente não gosta (não foi o caso daquele lance sobre judicializar futuras transações de jogadores, pra ficar claro). No final das contas, não consigo acreditar que o melhor seja assumir um lado e ficar com ele não importa o que aconteça. O meu apoio estará onde estiver o que realmente beneficia o Botafogo, seja esse benefício mérito do Textor, do Social ou da Eagle. Escuto todos os lados para formar minha opinião, mas sem jamais esquecer que todos eles produziram acertos, erros e uma boa dose de meias-verdades para tentar trazer a nossa opinião para um dos lados.
E tem uma parada fundamental: nós não temos acesso a tudo que rola nessa sociedade. Não sabemos, com garantia absoluta, se as versões apresentadas por qualquer uma das partes são a verdade completa. Por isso considero mais prudente aguardar que a justiça faça seu trabalho, analisando documentos e informações que nós, torcedores, não temos em mãos. Demonizar um dos lados agora é correr um risco enorme de construir análises equivocadas e injustas. Momentos difíceis exigem equilíbrio e, às vezes, sacrifícios incômodos. Mas análises feitas com prudência tendem a compensar no longo prazo.
Eu não quero o Social no poder novamente. Mas também não posso fechar os olhos para o fato de que ele é dono de 10% da SAF. Estamos falando de um acionista que tem direito de buscar seus interesses caso entenda que o contrato não esteja sendo cumprido (desde que todas as instâncias internas tenham sido esgotadas). E o mesmo vale para a SAF e para a Eagle, pois existem obrigações contratuais para TODAS as partes. No fim do dia, o que deveria importar para nós, torcedores, é apenas o Botafogo.
Tomara que essa situação seja resolvida o mais rápido possível. Precisamos de estabilidade, de uma base sólida e paz para planejar 2026 de um jeito realmente bem feito.









