Escrevo esse texto no avião voltando para Houston, mas a minha alma e o meu coração estão em General Severiano, vendo de perto a felicidade infinita de vários irmãos de camisa. Poder estar vivendo esse Botafogo lendário ainda parece um sonho, pois foi exatamente a capacidade inabalável de sonhar que me trouxe até esse momento.
O Ricardo garotinho jamais imaginou que teria uma vida tão sofrida como torcedor, pois, até virar adolescente, ele viu um Botafogo vencedor e que estava sempre chegando em decisões. Ter visto a mudança do Botafogo forte para um clube fracassado foi um golpe muito duro para aquele adolescente já tão apaixonado pelo clube, mas mal sabia ele que todo aquele sofrimento ajudaria na sua formação como homem.
Eu me lembro de ter começado a ir aos jogos sozinho e que, a partir disso, o Caio Martins e o Maracanã viraram o meu mundo perfeito. Mas como lugares onde o sofrimento era quase regra puderam ser o meu mundo perfeito? A resposta está no aprendizado de que o amor verdadeiro não te cobra explicações ou motivos para sua existência, ele simplesmente se apossa de você. Foi exatamente o que aconteceu comigo: eu fui completamente dominado pelo Botafogo, e isso mudou a minha vida.
Já mais velho, eu terminei um relacionamento muito importante e, em um período de dias, perdi o meu emprego também. Aí a tristeza e os pensamentos ruins vieram com muita força. Eu estava vivendo o pior período da minha vida e, adivinhem, quem me salvou do fundo do poço? O Botafogo. Eu já tinha pago o plano de sócio-torcedor no cartão de crédito, e o pouco dinheiro que sobrou depois da rescisão eu separei para pagar as contas ultra básicas e para ir aos jogos. A minha semana era vivida ao redor do Botafogo: eu dormia pensando em como seria o próximo jogo, eu ficava contando os minutos para ir ao Maracanã, e o Botafogo pareceu entender o que estava acontecendo. O ano em questão era 2013, e nós tínhamos um time realmente bom, que nos dava momentos de felicidade. Durante o pior momento da minha vida, o Botafogo me segurou pela mão e disse: eu vou cuidar de você.
Daquele momento em diante, eu passei a amar ainda mais o clube e prometi que jamais largaria a mão dele. Mais do que isso, eu jurei que iria estar onde ele estivesse, não importando a situação. Durante os anos seguintes, foram inúmeros os momentos em que eu vi o maior amor da minha vida precisando de ajuda, e, em cada um deles, eu lembrei do quanto ele me segurou. Não foi fácil ver os rebaixamentos e as mais variadas decepções, mas eu sempre sonhei com a redenção, pois o Botafogo não merecia morrer.
A chegada da SAF foi como uma luz divina, a verdade é essa. Óbvio que estamos falando de uma empresa, mas não de uma qualquer. Estamos falando de uma empresa composta por pessoas que respiram e vivem o seu dia a dia de forma loucamente apaixonada. A SAF, no início, nos devolveu a possibilidade de sonhar e, hoje, ela nos mostrou que a realização do sonho é ainda mais mágica.
Nesta última semana, eu me emocionei diversas vezes, pois olhei para o Botafogo e vi um clube com o exato tamanho que ele tem. Lembrei daquele clube que, mesmo sem forças, segurou na minha mão e que me manteve de pé. Poder ter estado ao lado dele e vê-lo lindo e forte me deu a maior felicidade da minha vida. Foi como se nós dois nos olhássemos nos olhos e disséssemos um para o outro: tudo valeu a pena, nós conseguimos!
Para finalizar, quero deixar os meus parabéns a cada um de vocês que trouxe o Botafogo até aqui. Vocês merecem viver esse momento histórico.
É só o começo, irmãos!
