Por que o Botafogo insiste em comunicar o mínimo do mínimo?

Wendel, volante do Zenit | 2025
Facebook/FC Zenit

Torcer para qualquer clube de futebol tem suas peculiaridades, mas eu duvido que algum clube no mundo ofereça tanta diversidade de entretenimento quanto o Botafogo de Futebol e Regatas. Passamos os primeiros meses do ano projetando a chegada do Wendel e alimentando várias expectativas positivas, por ele ser um grande jogador. Acontece que, faltando pouco mais de uma semana para sua chegada efetiva, o negócio acabou sendo desfeito. Inevitavelmente, estamos falando de um enorme balde de água fria na cabeça da nossa torcida.

Eu ainda não defini se fiquei mais incomodado com a não chegada em si, com a nota oficial do Botafogo ou com essa sensação de não saber todos os reais motivos para a desistência. Conforme o tempo foi passando, novas explicações surgiram na mídia brasileira e também na russa, mas, sinceramente, me senti ainda mais confuso diante dos desencontros entre elas.

Na minha cabeça, a SAF deveria liderar a narrativa e tratar de esclarecer tudo para o seu torcedor. Mas tem sido recorrente a escolha por comunicar o mínimo do mínimo. Eu juro que tento entender essa estratégia, mas não consigo (especialmente em casos importantes como o do Wendel). O torcedor recebeu a justificativa das “questões geopolíticas” e também a lembrança de que a 777 desistiu de um negócio pelo mesmo motivo. Diante disso, o torcedor, quase que automaticamente, se pergunta: “Será que o Botafogo não deveria ter considerado essa situação antes mesmo de iniciar a negociação?”

Pois é, estamos diante de mais um caso em que uma nota oficial do Botafogo oferece ao torcedor a possibilidade de pensar que o clube ignorou importantes checagens antes de entrar em negociações relevantes. O Vasco Matos deveria estar sentado no nosso banco de reservas, mas a falta de checagem sobre suas licenças foi a justificativa apresentada pelo Botafogo para que ele continuasse em Portugal. E sabe outra coisa em comum nessas duas situações (Wendel e Vasco Matos)? Foram veiculadas notícias que, em parte, descredibilizam as justificativas oficiais da SAF.

Será que não seria melhor fazer comunicações um pouco mais detalhadas — especialmente em assuntos complexos — e capazes de sustentar melhor a imagem do Botafogo diante do seu torcedor e de outros interessados? Não estou falando sobre entregar detalhes sigilosos, mas sim de oferecer narrativas menos suscetíveis a desconfianças, especulações e questionamentos.

Enfim, o torcedor só quer sentir que faz verdadeiramente parte do clube. E, para isso, é preciso que essa relação seja baseada em um nível de confiança mútua muito grande.

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