SAF do Botafogo parece, enfim, se aproximar do seu torcedor

SAF do Botafogo parece, enfim, se aproximar do seu torcedor
Arthur Barreto/Botafogo

Não é segredo para ninguém que atribuo à SAF do Botafogo mais pontos positivos do que negativos, mas nunca me abstive de realizar algumas críticas, como a falta de transparência em alguns assuntos e a comunicação deficitária com a torcida, entre outras coisas, que julguei pertinentes e construtivas.

Obviamente, estou aprendendo a torcer por um clube empresa, e por isso sempre tive algumas dúvidas sobre até que ponto a voz da torcida impactaria as ações da atual diretoria e até onde os torcedores entenderiam os caminhos escolhidos pelo Botafogo. Ao longo dos últimos meses, essa questão foi se consolidando, e creio que seja possível falar com algum embasamento sobre como tem sido a relação “Torcida x SAF”.

Na minha visão, esse processo de “acomodação” mútua começou da maneira esperada, ou seja, repleto de turbulências. Tivemos falas equivocadas de John Textor, notas oficiais horríveis, uma venda polêmica do Jeffinho, protestos válidos e protestos que ultrapassaram o limite da civilidade, promoções de ingressos que geraram bons públicos e promoções que não surtiram o efeito pretendido, além de críticas severas à manutenção da comissão técnica, entre tantas outras coisas.

De modo geral, parece acertado dizer que, em média, não vivemos um período em que o alinhamento de ideias entre a torcida e a SAF tenha sido a marca. No entanto, recentemente tenho sentido uma evolução positiva nessa relação. Não serei ingênuo ao desconsiderar, na análise, a boa fase dentro de campo, mas tenho percebido uma vontade cada vez maior do clube em ouvir algumas demandas importantes da torcida e um maior entendimento por parte dos torcedores de que nem sempre a vontade deles será o melhor para o clube.

Tomemos a questão dos ingressos como exemplo. Assim que o reformulado “Camisa 7” foi lançado, choveram críticas em relação aos valores dos planos e posteriormente aos valores dos ingressos avulsos. Sempre me pareceu que os valores dos planos estavam corretos, mas, ao mesmo tempo, criei a certeza de que os preços avulsos estavam além do ideal. O Botafogo concordou em conversar com as torcidas organizadas, e dessa conversa surgiu um resultado animador, com a redução de R$ 200,00 para R$ 150,00 na Leste Inferior e preços “populares” na Leste Superior, embora ainda insuficientes, em minha opinião.

Tínhamos uma situação bastante clara: o clube queria “forçar” uma migração da torcida para o “Camisa 7”, e os torcedores reclamavam que o preço do ingresso avulso ainda dificultava muito a ida ao estádio, tanto para os sócios, por meio de descontos que ainda deixavam o ingresso caro, quanto para os torcedores eventuais. O clube manteve a política por um tempo, mas esta semana ouviu a torcida e conseguiu chegar a um ponto que permitiu a abertura do setor Norte, com preços mais próximos do termo “popular”.

Precisamos chegar a um ponto em que os interesses do Botafogo não inviabilizem os da torcida e vice-versa. O processo de maturação da SAF é complicado e longo, mas, pela primeira vez, estou vendo a possibilidade de alinhamento entre torcida e diretoria, pelo menos por enquanto.

Temos que permitir que os profissionais gerenciem o clube, mas, ao mesmo tempo, o clube precisa compreender o perfil de seus torcedores e, com base nisso, filtrar as demandas que realmente fazem sentido daquelas que não fazem.

Nessa quarta-feira, todos os caminhos levarão ao Nilton Santos!!

Comentários