Infelizmente, até o momento em que escrevo este texto, não temos uma definição sobre quem estará à frente do Botafogo de maneira definitiva e sem questionamentos em um futuro breve. Toda essa situação está tirando o sono de muitos de nós, e de maneira absolutamente justificável. Talvez o segundo pensamento mais presente dentro da torcida seja sobre qual será a visão que o controlador definitivo do Botafogo terá para o clube. Eu mesmo não consigo parar de pensar nisso e, cada vez que penso, a cabeça fica ainda mais cheia de dúvidas. Mas não tem como deixar esse assunto de lado.
Ao longo dessas últimas semanas, a gente vem acompanhando, dentro da torcida do Botafogo presente no mundo digital, um aumento da desconfiança sobre o Textor e suas atitudes (algo natural, na minha visão). É difícil ver todo o noticiário e não se preocupar com a gestão financeira feita por ele, mas também não consigo partir para um caminho de pintá-lo como alguém que precisa ser expulso do clube. Na minha visão, o Textor errou feio em vários aspectos de gestão, mas inegavelmente resgatou a nossa autoestima e colocou o Botafogo no lugar em que todos nós sempre sonhamos.
Isso dito, eu não veria com maus olhos uma permanência do Textor, mas desde que ele reveja algumas atitudes e que não esteja “sozinho” nessa nova gestão. A primeira mudança precisa ser voltada para uma condução financeira menos baseada em alavancagem. Não podemos ver o Botafogo continuar dependendo de um altíssimo endividamento para ser competitivo, pois no futebol não existe a menor garantia de que títulos e valorização de jogadores ocorrerão. Claro que endividamento faz parte do crescimento de qualquer empresa, ainda mais quando falamos de uma que precisou ser levantada quase do zero. O problema é se endividar em um nível que nos faça torcer para que absolutamente TUDO saia conforme o planejado, sob risco de sermos severamente impactados.
A outra atitude necessária é colocar um foco gigantesco no desenvolvimento das nossas categorias de base. Já venho batendo nessa tecla de maneira recorrente desde o início da SAF, pois não existe outra maneira mais sólida do que essa para colocar o Botafogo no caminho da autossustentabilidade financeira. Claro que podemos e devemos continuar fazendo movimentos como os de Montoro e Barrera, por exemplo. Comprar jovens promessas e vendê-las com altos lucros sempre será algo vantajoso se conseguirmos captar talentos realmente valiosos. Mas nada será mais lucrativo do que desenvolver jovens “em casa” e potencializar a margem de lucro. Esse foco na base também diminuirá a nossa necessidade de sempre recorrer ao mercado na montagem do elenco (principalmente nas emergências, como tivemos recentemente na zaga). A base precisa começar a ser aquilo que deve ser: fonte de fortalecimento econômico/esportivo no presente e no futuro.
Outra mudança que eu gostaria de ver é o Botafogo voltar a apostar naquela fórmula de montagem de elenco que nos tornou relevantes e extremamente fortes novamente. O Textor acabou montando um modelo que veio a ser replicado por outros clubes e que, de maneira estranha, foi abandonado pelo próprio Botafogo na primeira janela de 2025. A gente precisa voltar a buscar jogadores fisicamente muito fortes, rápidos e tecnicamente bons. Na minha visão, uma gestão mais equilibrada financeiramente não significa abrir mão de times fortes, pois nós mesmos já comprovamos que é possível montar uma equipe extremamente competitiva com um volume de investimento em contratações mais baixo do que em 2025, por exemplo.
Eu realmente consigo ver o Botafogo sendo muito forte em campo e mais equilibrado financeiramente fora dele. Nada do que falei aqui ainda não foi comprovado no mundo real pelo própria dupla Textor e Botafogo. A melhor solução para os nossos problemas me parece ser olhar para dentro.