Escrever sempre foi um dos meus maiores prazeres e poder fazer isso aqui no FogãoNET me deixa ainda mais feliz, pois sei que muita gente vai ler e debater comigo. Um dos meus maiores desafios é escolher temas que não sejam tão triviais quanto a eterna discussão sobre quem merece ser escalado ou qual esquema melhor se adapta aos nossos jogadores. Nem sempre os assuntos surgem com facilidade, mas hoje fiquei realmente na dúvida sobre qual caminho seguir, dado o universo de possibilidades que esse errático Botafogo oferece. Depois de pensar bastante, decidi falar sobre algo que me incomoda desde o início da SAF: a falta de comando no departamento de futebol
É impossível imaginar que o caminho de qualquer clube ou empresa será feito apenas de acertos e alegrias. Nem mesmo a organização mais exemplar do mundo consegue escapar de erros e turbulências. O que diferencia quem sobrevive é a forma como lida com as crises. Não existe um manual infalível, mas há ferramentas comuns em diferentes contextos que ajudam a resolver as cagadas.
No futebol, considero que uma das mais importantes é a comunicação transparente com a torcida. O torcedor é, sem dúvida, quem mais sofre emocionalmente os efeitos das escolhas feitas pela diretoria. Por isso, precisa receber uma atenção especial. Está sempre buscando proximidade, consumindo tudo que venha do clube e, justamente por isso, é capaz de perceber com clareza quando algo não anda bem.
Desde o primeiro momento de turbulência da SAF, ficou claro que apenas o técnico assumia a linha de frente para falar com a gente nos piores momentos. Os líderes da SAF não se colocam para dar satisfações à torcida. E sim, eles precisam dar satisfações! Não adianta achar que, por se tratar de uma empresa, os torcedores devem ser reduzidos a cifrões em planilhas.
O resultado é o que todos veem: o futebol do Botafogo não tem comando. Já perdi a conta de quantos erros primários poderiam ter sido evitados só em 2025. A passagem de Leiria no Carioca é um bom exemplo. Sua contratação já era uma escolha bizarra por si só, mas além disso o deixaram tomar decisões irresponsáveis e burras, como escalar o time titular para jogar no pasto que é Moça Bonita. Autonomia é importante, claro, mas como alguém que ocupa uma posição de liderança toma conhecimento prévio de uma irresponsabilidade dessas e simplesmente deixa a tragédia anunciada acontecer?
E os equívocos não ficaram no passado. Basta lembrar do jogo recente contra o Vasco, quando Montoro, Santi e Danilo estavam no banco mesmo não tendo condição real de jogo. Por que relacionar jogadores sem condições? Desde a divulgação da escalação, era óbvio que haveria desconfiança: por que entrar enfraquecido enquanto alguns dos nossos melhores jogadores estavam no banco? Não é preciso ser gênio para entender que atleta sem condição não deve ser relacionado.
Esses erros tão bizarros só reforçam a percepção de que falta um comando firme, capaz de barrar decisões equivocadas que aumentam ainda mais a temperatura em um momento já turbulento. Para piorar, o torcedor toma conhecimento das bizarrices e só vê um rosto: o do treinador. Isso fortalece a sensação de que jogadores e comissão técnica estão largados à própria sorte. Será que ninguém dentro do clube enxerga esse cenário?
No momento de dificuldade, tudo o que o torcedor mais precisa é sentir que existe liderança, que há pessoas à frente tomando decisões para resolver os problemas. Como acreditar nisso quando erros tão básicos continuam acontecendo? O Botafogo precisa urgentemente de uma liderança forte, que se imponha internamente e transmita segurança e respaldo, tanto para os jogadores e a comissão técnica quanto para a torcida.