Tiquinho Soares é um predestinado. Antes mesmo de concretizar sua chegada ao Botafogo. Não era para ser. Mas na verdade só poderia ser. Pouco conhecido do grande público do futebol brasileiro, paraíba e com nome esquisito. Muitos torceram o nariz quando ele pintou como solução para os gols do Glorioso.
Chegou com uma lesão na coxa e os mais ansiosos logo pediram até para devolvê-lo: “Contratar jogador bichado é sacanagem, o cúmulo do amadorismo”, disseram. Discreto, Tiquinho não é um homem de palavras, mas de atitude. Faz muito mais do que fala. E talvez tenha sido isso que ajudou bastante na construção dessa persona no imaginário dos torcedores.
Mas evidentemente que nada teria acontecido se o camisa 9 não fosse essa força da natureza em campo. Absurdo, colossal. Joga, faz jogar e balança as redes. Gols atrás de gols, pontos atrás de pontos. Peça importante na arrancada do Botafogo ainda em 2022 e fundamental na campanha desse ano que deve culminarem título.
Da desconfiança à idolatria, Tiquinho Soares virou foda para os adultos e uma inspiração para a criançada. Os jovens botafoguenses há muitos anos não tinham a possibilidade de venerar um ídolo com tamanho carisma, um cara de verdade, dos nossos. Isso ficou claro quando ele decidiu passar as férias no final de ano na sua cidade: Sousa, na Paraíba. Nada de viagens extravagantes, passou as tardes jogando bingo com os familiares com o pé na terra batida.
Hoje ele sabe o tamanho que tem no clube e tudo o que vem pela frente. No entanto, nada mudou. Tiquinho segue brincalhão e referência dentro do grupo, idolatrado pelas arquibancadas e avesso às entrevistas. Não é por falta de convite, que fique claro. O camisa 9 recusou os principais programas da televisão brasileira. Simplesmente não é a dele, gosta é de fazer gol.
E jogar videogame, né? Surpreendeu a todos quando apareceu em lives de amigos trocando tiro em jogos online. Divertiu e aproximou quem já o amava com jeitão sincero para se desculpar por um movimento errado ou até mesmo para desabar (e xingar) em um momento de raiva (só quem joga sabe!).
A aposta do Botafogo foi certeira. Além de ídolo, o camisa 9 entrega em campo. Ele igualou Dodô como maior artilheiro do Botafogo em uma edição dos pontos corridos com 15 gols. A diferença é que Tiquinho alcançou a mesma quantidade com dez rodadas a menos. Com título e artilharia do Brasileirão a caminho, ele vai marcar seu nome na história do Glorioso.
Ai, ai, ai, ai, tá chegando a hora…
