A Rede – Botafogo dá um passo à frente em negociação por Jair

Jair, zagueiro do Santos | Temporada 2024
Raul Baretta/Santos F.C.

O filme A Rede Social exemplifica a lógica de investidores em tecnologia, que apostam em ideias de alto potencial para compensar riscos, uma abordagem comparável à estratégia da Rede Multiclubes, explicada por Thairo Arruda em 2024 no Podcast da Botafogo TV. Nesse modelo, a prospecção e valorização de jovens talentos seguem o princípio de um portfólio: embora nem todos atinjam o sucesso, o retorno dos que triunfam justifica o investimento, enquanto o uso de mapeamento, análise de dados e técnicas avançadas maximiza o acerto e reduza os erros.

Quando falamos em “Botafogo Way”, estamos nos referindo a algo que vai além de um simples estilo ofensivo de jogo. Trata-se de processos estruturados que geram resultados dentro e fora de campo. Hoje, graças a um futebol mais físico, associativo e uma identidade de jogo cada vez mais consistente, os jogadores do Botafogo são altamente valorizados por scouts e plataformas de análise internacionais.

Um exemplo é a ferramenta SCI Sports, cuja assinatura anual custa o equivalente ao preço de um apartamento em várias regiões do Brasil. Essa plataforma utiliza indicadores como valor de transferência esperado (ETV), estilo de jogo, nível atual e potencial do atleta. Fatores como possibilidades de desenvolvimento, chances de tempo em campo, estilo de jogo do clube atual influenciam nas avaliações. Recentemente, em uma análise para o Ajax, a ferramenta apontou John como o goleiro ideal para a equipe, o que explica sua associação recente a clubes da Premier League.

O Botafogo faz parte de um modelo de negócios que uma das premissas é a valorização de jovens atletas dentro da própria rede, no qual até o estilo de jogo desempenha um papel estratégico. Na última década, clubes como Porto, Benfica, Lyon e Ajax têm se destacado por buscar talentos em mercados produtores, como África e América do Sul, desenvolvê-los e revendê-los por valores de 4 a 5 vezes superiores ao custo inicial.

Se analisarmos a proposta por Jair sob a ótica do mercado nacional, é algo fora da curva e supervalorizado. No entanto, ao observar pela perspectiva do mercado europeu, trata-se de mais uma aposta estratégica, como aquelas que investidores fizeram em Zuckerberg dentro de uma estratégia de portolio. Hoje, o Botafogo possui a capacidade de realizar transferências alinhadas ao padrão europeu, com foco no retorno esportivo ao longo do tempo e na consequente valorização dentro da holding.

Abaixo, exemplos de jovens zagueiros Sul-Americanos e Africanos com alta valorização de mercado:


Jair não é o “Messi da zaga” ou o “Maldini brasileiro”, mas seu talento já despertou o interesse de grandes clubes. Na última janela de transferências, recebeu uma proposta do Porto próxima a 15 milhões de euros, e havia perspectivas concretas de novas investidas nessa janela de janeiro. Suas características correspondem ao perfil de zagueiro que o mercado europeu mais valorizou na última década, algo que os scouts e plataforma monitoram. Avaliar um jogador hoje vai muito além das nossas impressões enquanto petiscamos azeitonas e tomamos uma cerveja. O mercado se baseia em dados, análises detalhadas e projeções de desempenho.

O Botafogo se encontra em um cenário estratégico, onde o investimento em Jair no mercado nacional evidencia sua capacidade de atrair e desenvolver jogadores que, no passado, buscariam o próximo passo em clubes como Benfica, Ajax ou Porto. Esse tipo de contratação é crucial para abrir caminho à chegada de novos talentos do futebol brasileiro, consolidando o clube como um destino atrativo dentro dessa faixa de mercado.

Nossas velhas conversas de botequim continuam sendo divertidas, mas agora já não são mais o critério para as decisões de mercado. E, sinceramente, isso é um alívio.

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