A Camisa 7 do Botafogo escolheria Júnior Santos

A Camisa 7 do Botafogo escolheria Júnior Santos
Vítor Silva/Botafogo

Há certos símbolos que identificam culturas e povos, representando os alicerces que os unem. Assim como a estrela solitária, a camisa 7 do Botafogo, forjada por Paraguaio, Garrincha, Jairzinho, Mauricio, Túlio, entre outros, é um símbolo incontestável do que este clube representa. Muito mais do que um número, ela nos une como botafoguenses.

Durante muitos anos, a camisa 7 foi maltratada e desrespeitada por um clube que também não se respeitava. Ver certos jogadores vestindo a camisa de Garrincha refletia tudo o que acontecia fora de campo. Tanto a camisa 7 quanto a camisa 6 de Nilton Santos nunca tiveram direito de escolha; qualquer um podia usá-las.

Hoje, a camisa 7 é vestida por Luiz Henrique, e entendo todo o simbolismo por trás disso. Um clube que, há pouco tempo, não tinha dinheiro para comprar bolas, hoje tem um jogador com mercado no velho continente, avaliado em 100 milhões de dólares. O próprio Luiz Henrique reflete essa mudança no Botafogo. Se qualquer outro que vestiu a 7 nos últimos anos tivesse, em um mês, marcado um gol decisivo contra o rival da lagoa, um gol importante contra o Universitario no Nilton Santos, dado uma assistência contra a LDU e mais um gol decisivo contra o Vitória, já haveria um coro pedindo sua convocação para a Seleção. Mas não, esperamos mais dele. E não acho que ele esteja mal; apenas esperamos mais porque sabemos seu potencial.

Júnior Santos chegou ao Botafogo há dois anos, enfrentando uma forte desconfiança da torcida e sofrendo “hate” desproporcional ao seu desempenho em campo. Saiu contra a vontade e voltou na primeira oportunidade. Talvez certos ambientes façam a diferença para um jogador. A verdade é que ele não vive apenas uma fase boa; ele tem jogado bem e sido decisivo desde o ano passado. Isso não é fase, é consistência. Junior Santos é o “Gronk Alvinegro”; assim como o astro aposentado da NFL, quando ele combina a explosão de um foguete com sua força física, torna-se quase uma força da natureza: imparável!

Mesmo na derrocada do ano passado, Júnior Santos foi importante. As duas últimas vitórias do Botafogo naquele campeonato (contra o Fluminense e o América-MG) foram essencialmente por conta dele. Este ano, na pré-Libertadores, no pior momento da temporada até agora, sem técnico, ele segurou as pontas com 03 gols contra o Bragantino sem nunca se preocupar em responder às críticas. Júnior Santos tornou-se essencial, indispensável, uma peça cuja ausência é sentida. Ontem, mais uma vez, um belo gol decisivo.

Este texto não é um pedido para a troca de números, longe disso. Sou supersticioso, deixa o homem com a 11 do PC Caju, etc.. Mas a verdade é que, se hoje a camisa 7 fosse um privilégio adquirido, não uma escolha pessoal, e se ela tivesse o poder de escolher um dono que a merecesse, depois de muito tempo ela sorriria e escolheria alguém, além da torcida, que fez por merecê-la: Júnior Santos.

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