Você já assistiu a Sete Homens e Um Destino? Um clássico do faroeste em que um punhado de pistoleiros encara um exército inteiro por algo maior: libertar um povo. No filme, os heróis não têm superpoderes — são homens comuns que escolhem a coragem. No Botafogo, essa coragem veste preto e branco. São jogadores que se superam quando tudo parece dizer o contrário. Se, no velho oeste, empunhavam armas, no nosso campo se ergue a Estrela Solitária. E ela tem bastado. Mais do que bastado.
Na final da Libertadores, o apito soou e já éramos um a menos no campo, porém milhões a mais na alma. Vermelho direto no primeiro minuto, e o destino sorriu com desdém. Mas mostramos que o destino é só um boato diante da vontade de um povo que se recusa a cair. Ontem, contra a Universidad de Chile, o roteiro voltou. Outra expulsão, aos 25 do primeiro tempo. Outra vez com 10. Outra vez socando a mesa para mostrar quem somos.
Há clubes que disputam campeonatos.
Outros, raros, disputam a eternidade.
O Botafogo, com dez em campo, está disputando a eternidade.
Chame isso de coincidência.
Ou chame pelo nome certo: Glorioso.
Dez contra onze? Não.
É o Botafogo contra a dúvida. E a dúvida tem razão em temer.
O que se viu no Nilton Santos foi mais do que futebol. Foi um espetáculo de resistência. Cada dividida vencida pelo Barboza, a atuação de gala de Igor Jesus, cada grito de uma torcida que insistem em criticar. Tudo era símbolo de algo que não se planeja, se sente.
Enquanto outros lamentam lesões, erros ou más fases com 11 em campo, o Botafogo avança com 10. Por não aceitar o papel de figurante. Por não aceitar menos do que a história lhe deve.
Dez homens…
E um destino: continuar escrevendo a história mais inesquecível da América.