Neste mês de junho, tive o prazer de acompanhar as duas vitórias do Botafogo, até agora nesse mês, longe do Rio de Janeiro: contra o Corinthians (em São Paulo) e contra o Grêmio (no Espírito Santo). É sempre importante não confundir “longe do Rio de Janeiro” com “longe de sua apaixonada torcida“. A torcida do Botafogo nunca está distante do time, como bem representou o mosaico feito no último jogo pelo essencial Movimento Ninguém Ama Como A Gente: somos uma torcida nacional.
Nessa estrada, tive a oportunidade de conhecer histórias fantásticas de um amor que transcende fronteiras e regiões, passando de geração em geração.
Em São Paulo, por exemplo, conheci o Seu Cícero, vindo de uma família que torcia para um rival, no interior do Rio. Seu Cícero, ainda criança, recebeu uma visita inesperada em sua cidade e foi escolhido (vídeo abaixo).
Seu Cícero se mudou para o estado de São Paulo, mas o amor pelo Botafogo não mudou. Sessenta anos após a visita inesperada, hoje ele vê uma ação do destino há 62 anos reverberar pelo tempo, transbordando gerações. Seu neto, Artur, consome tudo sobre o Botafogo. Mesmo nas poucas vezes que o Glorioso joga em São Paulo, ele está presente, querendo puxar músicas e viver cada segundo com o Botafogo.
Também conheci Luan, nascido em Curitiba. Luan completou 14 anos no dia seguinte ao jogo contra o Corinthians e estava lá com sua mãe, durante seu aniversário. Luan foi escolhido aos seis anos, sem ter um único torcedor do Botafogo na família: o primeiro da linhagem. Fazendo o caminho inverso, ele passou o amor pelo Botafogo à sua mãe, que hoje o leva a muitos jogos, mesmo longe do Paraná, onde moram.
No Espírito Santo, presenciei uma grande festa alvinegra. Uma cidade inteira respirando Botafogo a cada segundo do dia. Conheci Cassio, que viajou 150km para ver o Botafogo jogar em seu estádio e prestigiar seu ídolo: Júnior Santos.

Acima de tudo, botafoguenses se mobilizaram para uma partida do seu clube, em que a distância para o Nilton Santos é apenas um obstáculo para um amor in loco, mas para o coração isso pouco importa. Nas raras oportunidades de ver o Botafogo de perto, a mesma paixão transborda. Famílias alvinegras com crianças enchendo o estádio para ver Júnior Santos, Luiz Henrique, Artur Jorge, entre outros. Mas, acima de tudo, para ver o Botafogo.
Presenciar essas crianças no estádio, como em Cariacica, me faz sempre querer ver o Botafogo continuar seu caminho em direção à luz, saindo do buraco. Talvez, hoje, nosso privilégio e esperança seja acompanhar o processo de ressurreição, a saída do poço, para que as próximas gerações possam desfrutar do “filé mignon”, pois o osso que roemos não podemos mudar. Apenas queremos que nossos filhos, netos, e as próximas linhagens contem como história de aprendizado os tempos em que o Botafogo foi tão maltratado. É isso que espero da SAF e de quem estiver à sua frente: o futuro.
E o futuro é representado por Artur, Luan e pelas crianças alvinegras em todo o país. Um amor passado através do tempo, as vezes tão grande e inexplicável que faz o caminho inverso e passa de filho para mãe.
A quantidade de mobilização, paixão vista, grita aos quatro cantos que não existe uma “torcida capixaba do Botafogo” ou “torcida paulista do Botafogo”. Existe a torcida do Botafogo, em qualquer lugar. Uma torcida nacional!
Obrigado, Espírito Santo! Obrigado, São Paulo!