O imitador do Silvio Santos: Botafogo e a necessidade de encontrar diferenciais competitivos

O imitador do Silvio Santos: Botafogo e a necessidade de encontrar diferenciais competitivos
Vitor Silva/Botafogo

Desde que a SAF foi formada há 2 anos, o Botafogo iniciou uma tarefa de se reerguer estruturalmente e gerar receitas. O clube tinha uma receita anual de 130 milhões x 1 bilhão de dívidas. Sócio-torcedor, receitas de estádio, royalties de TV, patrocínios, receitas com vendas de jogador para Europa, estrutura no Lonier, setor de scout, entre outras melhorias que a torcida viu claramente nos últimos 24 meses, todos os outros clubes do Brasil têm há algum tempo. Somos a pessoa que sonha em ser imitador e só agora está imitando o Silvio Santos, o que é o básico, não é um diferencial.

John Textor deu uma extensa entrevista para a nova Botafogo TV. Nela conseguimos pescar alguns pontos que indicam uma visão de procurar diferenciais competitivos no médio/longo prazo, o que pode ser um pulo do gato para o Botafogo. Algumas coisas já foram testadas com êxito, e ele mesmo deixa claro na entrevista que a saída do Luís Castro representou a perda de uma identidade que vinha sendo construída de um estilo de jogo associativo e cultura interna fora dos padrões brasileiros, e as decisões equivocadas da SAF após a saída da comissão do Castro fizeram o Botafogo retroceder em diversos aspectos. Ele mesmo cita que hoje jogamos um futebol “abrasileirado”. Isso era um diferencial do Botafogo sobre os outros.

Textor mais uma vez fala sobre um grande projeto de base, cada entrevista que ele dá sobre o assunto parece aumentar as proporções da coisa, ainda sem qualquer previsão para a pedra fundamental do tão falado centro de treinamentos que parece sempre ser atualizado sem darem um acompanhamento do assunto para a torcida. Porém, há uma linha de raciocínio desde a primeira entrevista dele lá atrás que é o Botafogo ser um grande centro formador de talentos nas américas, oferecendo diferenciais para os jovens escolherem vir para cá do que para rivais. Esses diferenciais podem ser parcerias com clubes europeus, universidades americanas oferecendo uma rota de saída caso o jovem não consiga prosperar no futebol, etc. Mas precisamos fugir do somente vender para a Europa, pois os outros já tem essas receitas há 10 anos. Vender em escala maior seria um diferencial? Ter percentual maior dos jogadores que saem daqui por 20M para serem vendidos por 100M dois anos depois, assim fazendo quase uma sociedade por atletas para ter um retorno maior nas vendas de grande valor entre os clubes europeus?

O Botafogo além de gerar receitas precisa criar novas fontes que os rivais não têm. Se formos competir com as mesmas fontes de receita de outros clubes que recebem mais e estão mais consolidados, o caminho será muito mais árduo. Precisamos parear o máximo possível a receita padrão: TV, royalties, ST, etc. e achar outros caminhos: quantos clubes brasileiros tem seu estádio como arena de shows? Isso é uma nova receita. Alterar a rota inicial de jovens talentos sul-americanos passando por aqui antes de ir para a Europa também é um diferencial competitivo. Ter as dívidas negociadas e equacionadas antes do novo acordo de TV também. Além disso já foi falado em ter ações na bolsa capitalizando o clube, explorar melhor direitos de TV para o exterior, metodologia e cultura futebolística própria, parcerias com clubes europeus, centro de excelência em formação de atletas, etc. Muitas ideias que ainda precisamos e queremos ver em pratica, porém, mostram uma visão de médio/longo prazo para ter diferenciais sobre os rivais.

O Textor em toda a entrevista dá umas boas sabonetadas, às vezes tenta sair pela tangente com alguma ideia nova, mas se tem algo que deixa uma impressão clara é saber que a maioria dos avanços que estamos vendo hoje são para chegar no padrão dos outros clubes e somente imitar o Silvio Santos não fará o Botafogo dar o pulo do gato.

Comentários