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Problema de gente rica: o novo Botafogo e seus novos dilemas

Blog do Léo Andrade

Por: Blog do Léo Andrade

- Atualizado em

Problema de gente rica: o novo Botafogo e seus novos dilemas
Vítor Silva/Botafogo

Você já viu aqueles perfis no Instagram que satirizam “problemas de gente rica”? Tipo: “Esqueci qual das minhas casas está com o carregador do Tesla” ou “A água da piscina aquecida está dois graus abaixo do ideal para meu spa matinal”. Pois é. E se você é botafoguense e anda resmungando da última contratação “cara demais” ou do tempo para regularizar um novo reforço estrangeiro, talvez seja hora de encarar a realidade: você está vivendo o seu problema de gente rica no futebol.

O Botafogo embarca hoje para a disputa do Super Mundial de Clubes da Fifa, depois de conquistar, de forma épica, a Libertadores de 2024. Isso tudo fazendo dobradinha com o Brasileirão de 2024, quebrando uma seca de quase três décadas. Em três anos, o clube se reergueu, se organizou e passou a competir de igual para igual com os maiores do continente. Mas, curiosamente, o que mais se ouve em certas rodas de botafoguenses é:

“Gastaram 6 milhões de euros no fulano?”,
“Esse zagueiro é promissor demais, mas cadê o impacto imediato?”,
“Estão contratando muito garoto, e se não vingar?”.

A realidade é que o clube virou SAF, profissionalizou processos, modernizou o scouting, está investindo em infraestrutura e tem contratado jogadores com mercado internacional — enquanto tenta, ao mesmo tempo, ressuscitar uma base competitiva. É uma mudança de perspectiva. E, sim, é um problema de gente rica.

Um exemplo concreto ajuda a dimensionar essa mudança. Membros do clube associativo fizeram um levantamento interno e chegaram a uma constatação impressionante: entre 2000 e 2021, o Botafogo não chegou a gastar 10 milhões de euros em aquisições de jogadores — somando todos os anos! Agora, em um único mercado, esse número é superado com uma contratação. E ainda assim há quem questione o valor pago, como se o clube vivesse na mesma realidade de quando contratava veteranos a custo zero e oferecia contrato de produtividade.

A diferença no desempenho esportivo também é evidente. Basta comparar os 100 jogos anteriores à era SAF contra os clubes do chamado G-12 com o recorte mais recente desses confrontos já sob a gestão da SAF:

 É claro que nem tudo são flores. O torcedor que ama o Botafogo também tem razão em questionar. Afinal, a SAF trouxe uma gestão mais profissional, mas também uma camada de opacidade. O Grupo Eagle, controlador da SAF, ainda precisa esclarecer melhor alguns pontos: o balanço anual de 2024 segue atrasado, há pouca transparência sobre fluxo de caixa, por exemplo. É legítimo — e até necessário — que o torcedor atue como um vigia à distância, um guardião do que ama, cobrando seriedade e responsabilidade, mesmo em tempos de fartura.

Afinal, não basta ganhar: é preciso garantir que esse crescimento seja sustentável, que não vire castelo de cartas. O botafoguense sabe muito bem o que é ver tudo ruir de uma hora para outra — por isso, sua desconfiança é, em parte, uma forma de proteção.

O que precisa ser separado, no entanto, são essas manifestações honestas e preocupadas daqueles que, movidos por má-fé ou interesses paralelos, tentam semear o caos e transformar dúvidas naturais em narrativas alarmistas.

Mas ainda assim, vale reconhecer: estamos vivendo outra realidade. Hoje, o torcedor pode se dar ao luxo de reclamar da qualidade de um reforço de R$ 50 milhões, da demora na integração de um reforço uruguaio ou qual será a minutagem de um meia de 18 anos. É compreensível: o botafoguense sempre foi exigente e sonhador. Mas vale lembrar que esse tipo de reclamação não era nem cogitada há três anos, quando a maior preocupação era evitar o rebaixamento.

Se ainda há críticas — e elas são legítimas —, que elas venham com a consciência de que os problemas agora são outros. E que bom que são. Que venham mais reforços “caros”, mais análises táticas e mais brigas por título. Porque reclamar de elenco milionário e desempenho de G-6 é infinitamente melhor do que torcer para um time endividado com folha salarial de Série B.

O Botafogo voltou. Voltou grande. Está, literalmente, de malas prontas para enfrentar o mundo. E agora, o torcedor pode começar a se acostumar com seus novos dilemas, os melhores que já teve em muito tempo.

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