O Botafogo nos últimos quatro meses vem pecando de maneira repetida na comunicação junto à torcida. Na era das redes sociais com informações conflitantes e “fakes” circulando a cada minuto, não saber direcionar história é um erro primordial.
Esta última semana foi recheada de falhas que dão a impressão de um processo interno quebrado. O anúncio do Wilson Manafá sem estar realmente fechado é somente a ponta do iceberg. Em certos momentos você precisa alinhar expectativa com a torcida, mostrar que você está no controle em momentos críticos. E isso não vem ocorrendo. Uma negociação que mexeu com toda a torcida foi a do Allan, excelente meia que hoje está no futebol árabe. Na terça sai notícia que fechou salário, na quinta já sai outra notícia no tom de “não é bem assim”. “E agora, José?”. Nesse meio termo o Mazzuco teve o microfone numa entrevista coletiva e não direcionou sobre o Allan e, pior ainda, anunciou um jogador que não estava realmente fechado. Há um buraco muito grande nessa forma de conversar com a torcida. Processos bem estruturados existem?
A torcida do Botafogo, assim como a brasileira, consome muito futebol. São 24 horas por dia buscando informação e debate sobre o clube. É uma relação completamente diferente de outros países europeus. Há quatro meses, desde o início da derrocada no Brasileirão-2023, o clube vem pecando na forma de ser dono da própria história e direcionar a torcida em um momento tão turbulento. Gargalos evidentes em uma comunicação que não pode ser fria, somente no “confia no pai”. Uma torcida que talvez só queria abraçar um fio de esperança encontra silêncio e a história sendo contada de fora para dentro.
Não estou falando sobre ter um “fact checking” e desmentir qualquer perfil de cem seguidores que anuncia o Messi ou falar amplamente de negociações em sigilo. Mas precisa contar a sua história, mostrar o caminho que planejam para voltarmos aos trilhos. Ficar calado as vezes é tão problemático quanto anunciar um jogador que não assinou. O problema me parece não estar somente no anuncio precipitado do Manafá, mas sim em algo mais amplo.
Como dizia o Velho Guerreiro “quem não se comunica, se trumbica”.
