O Botafogo cometeu erros infantis na Supercopa do Brasil. Como escrevi aqui, apostar que Carlos Leiria daria conta se mostrou um desastre. Lucas Halter teve atuação bizarra, mas convenhamos que apenas manteve o nível de seu desempenho desde que chegou ao clube. Errado é quem ainda o escala. Pior é mantê-lo no elenco. Mas a análise da imprensa sobre o Botafogo na Supercopa do Brasil gera certa contradição e me faz acreditar que estamos perdidos também no jornalismo esportivo.
Vi ao longo do fim de domingo e de toda a segunda-feira expressões como “Clássico se entra para ganhar”, “É uma competição muito séria”, “O desempenho do Botafogo foi inaceitável”. Então vamos lá. Em primeiro lugar não é uma competição de ponta. Se perguntar pelos últimos cinco campeões boa parte dos jornalistas terá dificuldades de se lembrar. Não estou desmerecendo o torneio, que é apenas charmoso. Passa bem longe de competições como o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, A Copa Libertadores, a Copa Sul-Americana, o Mundial de Clubes e por aí vai.
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Se clássico é para se ganhar, principalmente em uma competição séria, espera-se que ambos os times tenham igualdade de condições. Mas aí entra o calendário. O Botafogo foi ao Mundial de Clubes, viajou até o Catar e entrou de férias quase que dez dias depois de seus rivais. O Flamengo já viajava em sua pré-temporada nos Estados Unidos quando o elenco botafoguense se reapresentou, poucos dias antes da final da Supercopa. O que o Botafogo poderia fazer? Não dar férias ao seu elenco? Antecipar a reapresentação e arriscar o restante da temporada?
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Se o Botafogo fizesse isso e fracassasse no Campeonato Brasileiro e na Libertadores, torcida e imprensa aceitariam como argumento: “Ganhamos a Supercopa do Brasil?”. Claro que não. Portanto John Textor está coberto de razão ao afirmar que não liga para o torneio.
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Botafogo merece críticas. Mas com justiça…
O Botafogo não tem um técnico no banco, com todo respeito a Carlos Leiria, mas nem Pep Guardiola faria o time render mais fisicamente. Além disso, estão tentando colocar um abismo entre os times que era para ter sido enterrado em 2024. E não me falem que o clube ainda não contratou. Nenhum reforço entraria em campo após duas semanas treinando e garantiria um triunfo. O Flamengo mesmo não tinha novidades em relação ao ano passado. Se aproveitou de sua base e de seu entrosamento, merecendo o título. O Botafogo, ainda lutando para repor as saídas de Thiago Almada e Luiz Henrique, e sem ter Bastos, com certeza sofreria.
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Não podemos tratar que está tudo errado. Questionamos erros como Carlos Leiria e Lucas Halter, mas dizer que o Botafogo está perdido e que não tem planejamento é pedir para mais uma vez encerrar o ano com a cara vermelha de vergonha. O tempo vai dizer se o Glorioso está perdido ou não.
