Paulo Autuori é um treinador competente. Se atualiza, tem conhecimento e capacidade de gestão de elenco. Tem plenas condições de desempenhar um bom trabalho no Botafogo. Mas ele quer? Tenho percebido que Paulo Autuori parece contar os dias para o clube virar empresa e ele assumir um lugar de gestor. Vinha se preparando para isso e dizendo que não queria voltar a treinar. Recuou pelo convite do Botafogo, pela boa relação com Montenegro e, embora negue, por mirar o cargo de gestor.
Paulo Autuori tem se preocupado mais em tirar o foco do campo e bola. Suas declarações mais importantes nos últimos tempos se referem à gestão. Fala da briga com a Federação do Rio de Janeiro, reclama do calendário, analisa as condições de trabalho, mantém o foco em assuntos de gestão, mas não o vejo mais com a mesma empolgação para falar de tática e de bola. Ele tem razão quase sempre nas reclamações. Mas não pode perder o foco de sua real função.
Autuori gostava de tática

Autuori que dirigiu o Botafogo na conquista do título brasileiro de 1995 adorava discutir se Sérgio Manoel tinha ou não que fechar o lado esquerdo, se dar mais liberdade a Beto o deixaria peladeiro ou se o time era tão dependente do Túlio Maravilha. Ali estava começando e via nos olhos dele o brilho das discussões táticas. Mas não foi só ali. Foi no Cruzeiro, foi no São Paulo e em outros clubes. Gostava de falar de tática, técnica e bola. Assim não o vejo agora.
O Autuori de hoje em dia passa a impressão de que está preocupado em virar gerente, gestor, diretor. Não o culpo por isso. Mas se isso for real o ideal é que explique claramente para a diretoria antes que a situação fique insuportável. Não dá apenas para ficar esperando no cargo de treinador o tempo passar. E nem estou falando das alterações no primeiro tempo, pois isso qualquer treinador tem direito a fazer. Autuori tem sim condições de fazer um belo trabalho no Botafogo. Mas precisa estar com vontade para isso.