Botafogo compra briga e desmonta discurso da incompetência

Botafogo compra briga e desmonta discurso da incompetência
Reprodução/ESPN

Bastou o Botafogo despontar no ano passado com a goleada sobre o Flamengo e a eliminação da Palmeiras na Copa Libertadores para que viessem com força discursos contra gramado sintético e na defesa do fair play financeiro. Com o Glorioso caminhando para ganhar tudo, os temas morreram. Foram enterrados no começo deste ano. Afinal de contas, se falava que John Textor tinha ido de vez para o Lyon, o Alvinegro sofreu um desmanche segundo a mídia e era até bom ver o que ia restar deste projeto louco de SAF. Pois bem, bastaram alguns dias de reação do Botafogo no mercado, anunciado contratações de impacto e mostrando que vai ser competitivo em 2025, que tudo recomeçou. Mas dessa vez até mesmo usando os chamados idiotas úteis, aqueles que mais deveriam se calar, mas que são usados para atender algum patrão.

É lamentável ver alguns clubes defendendo o fair play financeiro apenas no que diz respeito a SAFs. Alguns deles inclusive com projetos em andamento para transformar o futebol em empresa. Antes da SAF do Botafogo, o monopólio do futebol brasileiro era dividido por um clube quase estatal, que nadava na verba pública, e outro que se garantia em uma financeira, que com certeza tem como preocupação salvar a vida de pobres aposentados. As cotas de televisão garantiam a desigualdade e quando alguém reclamava, “que seja criativo”.

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O Botafogo então foi muito criativo e encontrou Textor disposto a investir. Mas como assim? Isso não está certo. Vai quebrar o monopólio. Hora de os líderes acionarem os idiotas úteis, que teriam nas SAFs a única forma de se tornarem competitivos, para forçarmos um fair play financeiro. Mas não pode ser no modelo europeu, pois se for nada garante que vão parar Textor. Basta ver o PSG de alguns anos atrás ou o Manchester City.

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Nos últimos anos o Vasco só passou vexame. O Grêmio levou de 5 no Maracanã com Renato Gaúcho, seu técnico, reclamando da diferença de orçamento e recebendo em troca um “desculpa de perdedor”. O Santos foi rebaixado. O Corinthians consegue verba Deus sabe de onde, mas parece não ser problema. O Nordeste nunca cresceu tanto como pelas mãos do Fortaleza e sua SAF. Mas mesmo assim o discurso de fair play vai ganhando, imposto por quem se beneficia da desigualdade e ganhando voz em quem sofre com ela. O retrato disso foi a presença do Vasco naquela reunião do ano passado.

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Botafogo e o gramado sintético

Gramado sintético do Estádio Nilton Santos, do Botafogo, em agosto de 2023
Gramado sintético do Estádio Nilton Santos

E os gramados sintéticos. Triste ver jogadores profissionais veteranos se prestando a isso e colocando nesses campos, ou melhor, na proibição deles, a solução para a volta do respeito do futebol brasileiro. Parte desses atletas se lesionou em gramados que não eram sintéticos nos últimos anos.

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Recentemente vimos festivais de horrores nos Estaduais com gramados como os de Moça Bonita. O Sindicato dos Atletas se calou. Até porque, se não for os clubes pequenos do Rio, vai ter treinador que nunca mais vai arrumar emprego. E aí vem a nota dizendo que “solução para gramado ruim é fazer gramado bom”. Ok. Então primeiro garantam que todos os gramados estejam bons para receber jogos de elite e depois lutem contra o sintético. Do contrário, parece um bando de idiotas úteis novamente.

Enquanto os dirigentes do futebol brasileiro perderem tempo discutindo uma forma de prejudicar quem é competente, vamos continuar perdendo de 7 a 1 (e não adianta o Thiago Silva chorar) ou sermos eliminados pela Bélgica, Croácia e outros. Que tal trabalhar por um futebol mais profissional e eficiente? Esquece. Quando isso acontecer, muitos desses dirigentes e líderes de associações vão cair no buraco da incompetência e nunca mais serão lembrados.

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