Luís Castro e Botafogo: o futuro de todos os técnicos em jogo

Luís Castro em Palmeiras x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

Me acostumei ao longo dos quase 30 anos de jornalismo esportivo a ver treinadores serem dispensados por conta de maus resultados. Bastava uma série de três tropeços e já tinha a mudança. O discurso na saída era sempre o mesmo. O técnico dizia que foi vítima da cultura do futebol brasileiro e que ele precisava de tempo para realizar um bom trabalho. O dirigente, envergonhado, falava apenas que “não dava para trocar todo o elenco”. Isso não aconteceu com Luís Castro no Botafogo. Por isso que ele está definindo não apenas seu futuro, mas sim o de todos os treinadores de uma certa maneira.

O cenário acima não mudou completamente. Por conta da pressão pelo trabalho de longo prazo, se passou a esperar mais de três jogos. Todos comparavam com o futebol europeu, onde as trocas precisam de bons motivos para acontecerem no meio da temporada. O Brasil foi tentando se adaptar. Mas ainda faltava algo. A possibilidade de os clubes virarem empresas no futebol se tornou fato. A cultura do longo prazo ia triunfar.

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Luís Castro em Palmeiras x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Luís Castro vai definir futuro em breve

O Botafogo então apostou em Luís Castro. Em um cenário como o antigo, ele nem teria chegado ao fim do ano passado. Mas com certeza seria dispensado após o jogo contra a Portuguesa, que gerou a eliminação precoce no Campeonato Carioca. O discurso de que o Estadual é péssimo, que ele com razão sempre repete, não colaria. Mas não foi isso que aconteceu.

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John Textor decidiu bancar a cultura de longo prazo. Apostar que é sim com tempo que se pode construir um projeto vencedor. Aí o Botafogo engrenou. Lidera o Campeonato Brasileiro com vantagem e joga um belo futebol. O casamento perfeito. O sonho de todos os técnicos, a famosa estabilidade. Mas pode não ser assim.

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Se deixar o Botafogo por conta da proposta árabe, e que fique bem claro que é um direito dele e deve ser respeitado, Luís Castro vai deixar de lado todo o discurso de uma categoria inteira. Vai deixar nos dirigentes o sentimento de que não vale segurar a pressão se quando a coisa acalmar quem eles acolheram vai embora. Assim volto a dizer, Luís Castro está definindo não apenas seu futuro, mas sim o de todos os treinadores de uma certa maneira. Que tenha sabedoria.

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