Ficar com o bico seco ou arriscar uma cerveja ou um bom vinho? O teste do bafômetro aplicado nos estádios do Uruguai sempre levanta esta dúvida entre os estrangeiros que vão ao país para assistir a um jogo de futebol. Não será diferente com os torcedores do Botafogo, que nesta quinta-feira vão acompanhar a partida contra o Nacional-URU, válido pela ida das oitavas de final da Libertadores-2017, no Gran Parque Central.
Como o FogãoNET é o site do torcedor alvinegro, o Boletim do C.E tratou de tentar sanar algumas das principais dúvidas para garantir uma noite sem problemas em Montevidéu, como aquela em que alguns torcedores do Fluminense ficaram barrados no Centenário, em abril, e não puderam assistir ao duelo contra o Liverpool-URU. Consultamos o cirurgião-geral botafoguense Pedro Neves, que estudou o caso e já adiantou:
– Deve-se sempre fazer um planejamento de quando começar e quando parar de beber. O melhor a ser feito é “interromper os trabalhos” o quanto antes – disse o médico.
O máximo permitido pelo controle do bafômetro uruguaio é 0,5 mililitro de álcool no sangue. Mas o que isso quer dizer na prática? A torcida do Fogão quer saber: “Pode beber?”. Poder até pode, mas com muita moderação. Acredita-se que, em condições normais, uma dose de álcool seja metabolizada pelo organismo, no fígado, em média, em uma hora. Portanto, existe um cálculo aproximado, mas alertas são dados, principalmente para as mulheres e para quem possui um problema de saúde específico:
– Os torcedores podem usar essa média de tempo para entrar no estádio. Vale destacar que beber de estômago vazio pode fazer os efeitos aparecerem mais rapidamente e indivíduos com doenças hepáticas associadas também podem aumentar o tempo de absorção, assim como o corpo feminino, que, de forma geral, demora mais para “se livrar” do álcool – ressalta Dr. Pedro.
Está tudo claro ou ainda está confuso? Quanto mais ler sobre o assunto é melhor, né? Então veja abaixo outros trechos da entrevista com o médico!
O botafoguense pode beber no dia do jogo ou é melhor não arriscar?
– Tudo depende da quantidade de álcool ingerida e do tempo aguardado. Em média, 1 dose de álcool (1 copo de cerveja, 1 taça de vinho ou uma dose pequena de destilado) demora 1 hora para ser absorvida. Mas como o limite é tênue e dificilmente os torcedores conseguem ficar apenas no primeiro copo/dose, o ideal, então, é não arriscar. É importante lembrar que a taxa de absorção pode variar de indivíduo para indivíduo, não podendo garantir 100% que em todos teremos essa regra se aplicando fielmente.
Bom, vamos ser práticos com uma situação específica. Não tenho nenhuma doença no fígado e estou com a saúde em dia. É tranquilo tomar um vinho ou uma cerveja na hora do almoço?
– Uma ou duas cervejas às 13h metabolizam até a hora do jogo em condições normais.
“Putz! Pintou a dúvida, acho que perdi a linha! Será que vou ser pego?” Há algum alimento, bebida, atividade ou outro fator que ajude a “mascarar o bafômetro” ou diminuir o teor alcoólico no sangue? Caso exista, quanto tempo antes da verificação é necessário colocar o plano em prática?
– Infelizmente não existe nada que se possa fazer para acelerar o metabolismo do álcool no organismo. Algumas crenças populares como ingerir café, tomar um banho gelado ou mascar chiclete não conseguem diminuir o teor de álcool no sangue ou no ar alveolar. O que se deve fazer é esperar o tempo necessário. O melhor plano a ser posto em prática é interromper os trabalhos o quanto antes!
Como médico alvinegro que curte uma cervejinha e entende seus efeitos, você iria se comportar e deixar a bebida de lado? Comemoraria ou afogaria as mágoas apenas depois do jogo?
– A gente sabe que é difícil acompanhar jogos decisivos sem uma cervejinha. Afinal ela consegue aliviar um pouquinho a nossa tensão. Deve-se sempre fazer um planejamento de quando começar e quando parar de beber, de acordo com a quantidade. Sabendo que é difícil essa autodisciplina, o melhor é esperar para comemorar após o jogo em um bom bar de Montevidéu. Afogar as mágoas nesse caso não é opção! Venceremos! Saudações alvinegras!
Dr. Pedro Neves é médico formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), cirurgião geral e videolaparoscópico graduado pelo Hospital Federal Cardoso Fontes e Hospital Universitário Gaffree e Guinle. Atualmente, cirurgião do Hospital Federal Cardoso Fontes e Hospital Municipal Lourenço Jorge. Atende na Taquara, Rio de Janeiro. CRM 52981125.