
Torcedores do Botafogo se preparam para entrar no Setor Leste do Estádio Olímpico Nilton Santos (Foto: Reprodução/Instagram)
C.E Sangenetto
O relógio mais famoso do Rio marca 18h45, hora do rush, Central do Brasil, o ponto de encontro de botafoguenses é próximo ao McDonald’s. Junto com Eduardo, aguardo o Gulherme. O próximo trem já parte para o Nilton Santos. Botafogo x Colo-Colo é logo ali.
Ele volta ao lado de um francês “perdido” vindo da bilheteria e que pedia ajuda para assistir ao jogo do Fogão. O nome dele? Melhor deixar para depois…
Até chegar à estação de Engenho de Dentro, o europeu, que parecia o Morgan Freeman com seus 25 anos de idade e era torcedor do Olympique de Marselha, não parava de falar, sobrou assunto até para o zagueiro Dória.
– O técnico do Olympique colocou Dória no lugar do Evra na lateral esquerda no último jogo. Está jogando bem! Gostei muito! – contava, em inglês, animado e no meio do vagão.
Os arcos do Niltão já aparecem, o trem para, as portas se abrem, a torcida se encontra, começa a cantoria e o preto e branco ganha vida. A câmera é sacada e começam os registros. Os olhares curiosos perseguem um novo clique até que um comentário é feito.
– Cara, essa camisa com uma única estrela é linda. Nunca vi coisa mais bonita. Posso comprar uma dessa e usar para tudo na França – exclamou e fez abrir sorrisos orgulhosos dos botafoguenses ao seu lado.
Ajudamos o rapaz. Com os ingressos esgotados, tentamos arrumar pelo menos um espaço na torcida visitante e o deixamos próximo ao guichê. Desejamos sorte, a vida continua e a bebedeira tinha que começar.
E começou, bem pertinho da entrada do Setor Leste, onde todos entraríamos. E junto com as cervejas, vieram as promessas.

Local das promessas e pérolas durante a estreia do Fogão na Libertadores (Foto: Carlos Eduardo Sangenetto)
– Se o Fogão vencer por 2 gols de diferença, vamos para Santiago na semana que vem! (Mal sabíamos que estávamos temporariamente demitidos já no intervalo do jogo).
Intervalo, que momento sensacional para pérolas serem ouvidas.
– Na moral, aperta minha mão aqui. Se o Airton voltar pro segundo tempo e meter mais um gol, meu filho vai se chamar Airton.
– Aê, aê, aê, p****! Sério! Escuta aqui, geral! Ninguém muda de lugar no segundo tempo, hein? Tamo ganhando, caral**! (discursou um botafoguense no meio de dezenas na fila do mictório)
– Pô, que isso! Essas Gloriosas só ficaram dois minutinhos dançando? Rápido demais, mané!
Não sabemos se Jonas entrou no Niltão.
Não apenas esse, né?
Quem estava mais perdido?
Saudações alvinegras!