Quais os padrões e perigos do Red Bull Bragantino? Detalhes do último adversário do Botafogo para alcançar a fase de grupos!

Quais os padrões e perigos do Red Bull Bragantino? Detalhes do último adversário do Botafogo para alcançar a fase de grupos!
Vitor Silva/Botafogo

Nesta análise, vou abordar alguns padrões da equipe de Pedro Caixinha demonstrados nos últimos 2 jogos do Red Bull Bragantino (empate contra Águilas e vitória contra Santos em casa). Desta forma, podemos observar como o treinador português estrutura o seu time, ajusta conforme as nuances do jogo e quais comportamentos geram desconforto ao seu modelo.

Contra o Águilas Doradas, o Massa Bruta encontrou diversas dificuldades para transformar o domínio da posse em chances realmente perigosas. Isso se deve a três fatores encontrados na equipe colombiana: imposição nos duelos, controle da profundidade (espaço nas costas da zaga) e ocupação inteligente dos espaços.

Foi nítido que os colombianos não vieram ao Brasil com intenção de atacar com frequência, portanto, nem todas as estruturas (como a linha de 5 defensiva) valem a pena serem adotadas pelo Botafogo, visto que o comportamento precisa ser diferente. Porém, cabe destacar alguns detalhes que, se aproveitados no Rio de Janeiro, trarão adversidades aos visitantes.

Os comandados por Caixinha faziam uma saída sustentada, com laterais participando da construção junto aos zagueiros, e Jadsom como uma espécie de pivô mais à frente. Os meias centrais, Lincoln e Ramires, formavam um triângulo com Sasha, que em muitos momentos precisou fazer paredes para encontrar esses dois vindo de frente, algo que pouco aconteceu com êxito devido à pressão forte dos colombianos.

Neste duelo, o Braga fez muito uso de lançamentos longos (60!) buscando os apoios nas extremidades do campo, com intenção de gerar desequilíbrios dos pontas Helinho e Vitinho no 1×1 ou dobras nas costas dos alas. Isso ocorre em função do Águilas não pressionar o portador da bola que fosse componente da zaga e compactar o seu bloco, bloqueando de maneira muito boa os possíveis espaços no interior do campo. Os atletas de Bragança tentavam sempre roubar a bola o mais rápido possível quando o lançamento era interceptado, usavam como forma de ganhar território também.

A ultrapassagem dos laterais era mais “contida”, ocorria no momento em que os pontas saíam da posição tentando jogar por dentro, mas a frequência com que buscavam jogadas na linha de fundo era maior mesmo ambos sendo atacantes de pé trocado. 

Além de causar mal-estar no Bragantino pelas zonas centrais, a equipe colombiana também conseguia conter os pontas com dobras pelo lado do campo, produzindo vantagens numéricas mesmo com os laterais do Massa Bruta subindo para apoiar.

Um dos pontos importantes no trabalho de Caixinha é o modo como orienta ocuparem a grande área com no mínimo 3 componentes, facilitando encontrar companheiros em boas condições. Nos momentos de maior perigo, a equipe mandante normalmente esteve nessa condição de vantagem posicional/numérica. Por isso, é essencial que a equipe do Botafogo esteja bem orientada a evitar essas ocasiões com auxílio dos volantes.

Sobre a fase defensiva, vou evidenciar algumas questões para a nossa equipe na reta final do texto, mas fica aqui registrada a estrutura do time da Red Bull contra o Águilas e que também se repetiu contra o Santos: um 4-3-3.

No segundo tempo, fizeram um ajuste. O treinador português substituiu o ponta esquerdo Vitinho e colocou Borbas como referência. Sasha passou a sair mais para auxiliar na construção, Lincoln varia entre cair pela esquerda ou se aproximar pelo centro. Agora são 3 homens mais próximos no entrelinhas (Lincoln/Sasha/Ramires).

Esse ajuste gerou uma grande chance aos 67, Borbas disputa em um lançamento (algo que Sasha tinha dificuldade), Sasha consegue receber de frente (novo posicionamento) e tabela em situação positiva de 2×1 com o Helinho. O ponta do Braga acha Borbas sozinho que acaba desperdiçando. Todavia, foi uma chance isolada, os visitantes continuaram se impondo nos duelos e negando espaços, apesar da reta final ter possibilitado mais jogadas na linha de fundo, mas sem conclusões muito perigosas.

Já abordando o jogo contra o Santos, o Massa Bruta marca um gol exatamente com a estrutura do triângulo citada anteriormente. A equipe santista ocupa pouco o entrelinhas e gera muito espaço para os atletas de ataque posicionados nessa zona girarem, potencializando o movimento de ruptura da última linha do Sasha. Ou seja, induzir Sasha a jogar mais de costas para o gol é o ideal, pois quebra suas maiores qualidades, até por isso que em determinados momentos o atacante vira um meia quando Borbas entra em campo.

Partindo para a reta final, temos alguns pontos mais frágeis do nosso adversário de logo mais:

Jadsom é um volante que tende a ter uma certa sobrecarga contra equipes mais fortes ofensivamente, Lincoln/Ramires/Gustavinho são meias que não têm a imposição física como uma característica marcante.

Os laterais são encontrados algumas vezes em situações de desvantagem numérica/posicional devido a falhas na recomposição dos pontas, que são muito agudos mas não tão fortes, ou distância dos meias para dar suporte.

Não me surpreenderia ver um meio-campo mais puxado para o que vimos contra o Águilas no jogo de ida, com Raul e Jadsom, volantes com traços defensivos mais intensos. Lincoln faria a função desempenhada por Evangelista (lesionado) naquela ocasião, sendo o regista das ações ofensivas pelo corredor central e conectando os pontas.

Jogar contra o Bragantino não é fácil. É um time com muitas peças jovens e de qualidade técnica boa, ou seja, situações de 1×1 ou trocas rápidas estimulam as melhores valências desse plantel. Por outro lado, a tomada de decisão sob pressão e a força física são questões que se dominadas pelo adversário trazem muitas objeções a este modelo de jogo.

A força certamente é um dos grandes atributos desse elenco do Botafogo e que pode ser muito bem utilizada para gerar superioridade no duelo. Com Kauê, Gregore e Danilo Barbosa, ganhamos em qualidade técnica no setor central aliada à capacidade de destruir jogadas adversárias. Em outro setor, Savarino vs Nathan Mendes promete ser um bom embate com o ponta buscando atacar o espaço entre zagueiro e lateral, além de Júnior Santos e seu vigor físico que traz adversidades para qualquer defensor no Brasil.

O retrospecto fala por si só, não enfrentaremos um algoz, muito pelo contrário. A saída de Ortiz é um baque e retira diversos recursos que só o zagueiro conseguia entregar, grande parte deles atrelados a cobertura dos outros defensores, construção bem acima da média e liderança. Sendo assim, prevejo um adversário necessitando mais da participação dos meias centrais na primeira fase de construção, algo facilitado pelo ex-capitão, que conseguia encontrá-los já presentes nos espaços.

No mais, é fundamental para o Botafogo dar continuidade nessa crescente e aproveitar a onda positiva trazida pelas vitórias com Fabio Matias.

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