
Foram mais de 20 anos de espera até que seu Geraldo pudesse ver o filho Camilo vestir a camisa do Botafogo. Apaixonado pelo clube desde que trocou São Benedito, no Ceará, pelo Rio de Janeiro, ele tratou de construir um lar guiado pela Estrela Solitária. Faltava compartilhar a paixão com o primogênito.
Antes de sonhar com o filho vestindo a camisa 10 alvinegra, Geraldo não mediu esforços para fazê-lo torcedor. Durante o ano de 1995, quando o Botafogo conquistou o Campeonato Brasileiro, as idas ao Maracanã eram tentativas de conversão.
Não adiantaram: influenciado por um vizinho, o menino de 9 anos já havia decidido que seu coração bateria pelo Palmeiras.
Quando surgiram as primeiras informações de uma negociação com o Botafogo, a família se animou: era a chance de tê-lo por perto.
— Todos os dias eu procurava o nome dele no Google em busca de notícias — conta o alvinegro Thiago Farias, o mais novo de cinco irmãos.
E foi por meio da imprensa que a família soube que Camilo trocaria a distante Arábia Saudita pela proximidade do Rio, em maio.
A chegada se tornou o passo decisivo para uma reaproximação entre pai e filho, que começou no ano passado.
Vítima de alcoolismo, Geraldo já não morava com a família — separado da mãe de Camilo, Francisca, havia voltado ao Ceará. Aos poucos, perdia o contato também com os filhos. Foi quando o jogador, então na Chapecoense, percebeu que precisava intervir: levou o pai para morar com ele em Chapecó e buscou ajuda em uma clínica de reabilitação.
— Esse foi um título que ele conquistou para mim: me ajudou a sair do álcool e a encontrar o caminho de Jesus — agradece.
Geraldo hoje mora com as filhas Daniely e Danila, na Cidade de Deus. Os almoços em família voltaram a acontecer e, com o filho vestido de alvinegro, uma nova relação pôde ser construída:
— Ele é praticamente uma outra pessoa hoje. O Botafogo está nos aproximando.
Reforços na arquibancada e no campo
Geraldo estava em Juiz de Fora, no último dia 3, quando o Alvinegro enfrentou o Santa Cruz pelo Brasileiro. Deu sorte (vitória por 2 a 1) e vai continuar acompanhando Camilo de perto. Neste sábado, ele estará na Arena Botafogo para o clássico com o Flamengo. Mas garante que não é exigente.
— Sou muito tranquilo, procuro apoiar. Se ele fizer um golzinho, melhor — diverte-se Geraldo.
Além do pai, Camilo terá o incentivo da mãe. Apesar de ser rubro-negra, Francisca deixará o clube do coração de lado por um dia:
— Espero que o Botafogo ganhe. Eu sempre torço para o time em que o Camilo está. Quando ele não joga, aí posso torcer pelo Flamengo…
No sábado, o Botafogo deverá ter um reforço também dentro de campo: o atacante chileno Canales foi regularizado e pode estrear.
Restam 3.800 ingressos para a torcida alvinegra, à venda em General Severiano; no Estádio Caio Martins, em Niterói; e através do site guicheweb.com.br.