Sem aceitar as datas impostas pela Ferj para a volta do Campeonato Carioca, o Botafogo retomou os treinamentos presenciais neste sábado no Estádio Nilton Santos. Junto com o Fluminense, o clube briga na justiça desportiva para que tenha um tempo razoável para preparar seus jogadores e quer entrar em campo apenas em julho.
Paulo Autuori, técnico do Botafogo e também integrante do Comitê de Futebol do clube, fez coro ao dirigentes alvinegros e criticou o que chamou de “falta de sensibilidade e bom senso” da Ferj. Ele citou o que vem acontecendo no futebol europeu, que teve mais dias de treino, e teme pela integridade física dos jogadores com tão pouco tempo de preparação.
– É algo que jamais aconteceu, de ficar três meses sem atividade. Essas atividades online são importantes para criar o mínimo de adaptação, mas completamente diferentes porque não tem a especificidade do jogo. Temos visto nos jogos dos campeonatos que já regressaram a quantidade de lesões. Certamente essa será uma época que isso acontecerá. Especialmente na falta de sensibilidade, de bom senso e digo até de conhecimento da Federação, ao não se preocupar em salvaguardar a integridade física dos jogadores, não só em relação ao vírus, mas especialmente em botá-los em atividade para jogos com um tempo absurdo. Nem mesmo quando vem de férias regulares se tem, de dez dias para se treinar – afirmou Autuori à Botafogo TV, completando:
– Fico muito preocupado com essa situação, de como devem estar todos os envolvidos se tiverem sensibilidade e bom senso. Mas não me parece que seja o caso das pessoas da Federação e de todos os clubes, com exceção do Botafogo e do Fluminense.
Autuori tem 63 anos e está naquele que é considerado grupo de risco da Covid-19. Ele afirmou que está feliz em retornar à rotina do futebol, mas que a preocupação com o contágio do novo coronavírus deve ser colocado em primeiro lugar.
– As incertezas continuam em relação ao vírus, começa a ver a volta em alguns lugares de maneira mais acentuada. Isso demonstra que nem as autoridades sanitárias podem assegurar nada em relação à Covid-19. É importante manter todos os cuidados necessários. Está todo mundo alegre e satisfeito de voltar a trabalhar, fazer aquilo que gostamos. Essa vontade sempre tivemos, mas apenas a vontade. As necessidades, que devem ser sempre prioridade, nos levavam a pensar que não poderíamos correr riscos, colocar pessoas a correr riscos, especialmente aquelas mais sacrificadas, que temos que ter um olhar muito cuidadoso e delicado para com elas – disse.
Comissão em rodízio
O técnico do Botafogo disse ainda que a comissão técnica vai trabalhar num sistema de rodízio para preservar ao máximo a saúde de seus integrantes e, assim, tentar diminuir o risco de contágio da Covid-19.
– Nós da comissão técnica nos reunimos durante todo esse tempo, já estávamos com os treinos estruturados. Temos tido muito cuidado ao fazer revezamento das pessoas envolvidas, tanto das atividades-fim quanto das atividades-meio, para estar seguros de tudo que possa acontecer. Correu tudo dentro do previsto. Nossa preocupação é ir de menos para mais – enfatizou.