O calendário apertado com o futebol brasileiro espremido entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, quando já será iniciada a próxima temporada. Crítico do modelo nacional, o técnico do Botafogo, Paulo Autuori, voltou a questionar a falta de tempo para treinar.
Mesmo após a classificação sobre o Vasco para as oitavas da Copa do Brasil, o treinador fez críticas.
– Trabalhar era o que eu gostaria de fazer. A gente não trabalha, a gente só tem véspera de jogo, jogo, recuperação, véspera de jogo e jogo. Essa é a rotina de todos os clubes neste momento. Os profissionais têm que entrar nesta ciranda, jogam bem e é impossível ter bons jogos em termos gerais, não estou me referindo ao jogo de hoje. Essa é uma análise fácil de se fazer. “Mas todo mundo sabia da pandemia”. Exatamente, todo mundo sabia, por isso que tinham que pensar em um modelo diferente daquele que é com 38 jornadas. É chover no molhado. Você já prejudicou o ano de 2020, porque é um ano histórico, e vai prejudicar o de 2021 da mesma maneira. Qual é a motivação que vai ter acabar o Brasileiro e começar os Estaduais? Ninguém fala isso – questionou Autuori.
O comandante alvinegro citou o pouco tempo de preparação para a partida contra o Atlético-GO, domingo, no Estádio Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro.
– A nossa preocupação é já pensar em recuperar, depois é véspera de jogo, viagem e jogo. Vou fazer o quê? A gente quer que o futebol brasileiro melhore, mas se esquece da responsabilidade e esquece de pensar que deveremos, todos nós, pensar em melhorar o espetáculo. Como? Dessa maneira desumana não tem como. Não é justificativa. Mas não quero falar do jogo, já estou pensando no jogo contra o Atlético-GO, esse de hoje já foi. Agora é pensar em recuperar esses jogadores. Amanhã é sexta, sábado a gente treina e viaja. Depois joga e volta depois do jogo. E assim vai no resto do ano – lamentou Autuori, que não usa o tema como desculpa.
– A gente sabia que no mês de setembro em diante não seria muito fácil. Não dá para você querer exigir determinadas situações. Nós, no Botafogo, temos nossas particularidades. São vários jogadores que a gente perde durante a trajetória. O grupo se ressente com isso de alguma maneira. Nossa preocupação agora é ganhar os próximos dois jogos e estar numa posição mais consentânea com o que tentamos ser como competidores – completou.