O jornalista Rodrigo Capelo, do site “Globoesporte.com”, publicou um texto em seu blog nesta terça-feira sobre a grave situação financeira do Botafogo. Segundo ele, especializado em negócios no esporte, a S/A parece ser a última esperança alvinegra.
Lembrando as declarações que o Botafogo é um “paciente em estado grave na UTI”, dada por dirigentes, ele afirmou que a situação se agrava a cada ano.
– Em 2019, sob a direção do presidente Nelson Mufarrej e do vice-presidente geral Carlos Eduardo Pereira, o que era péssimo ficou pior. As receitas estão estagnadas em um patamar insuficiente para qualquer recuperação financeira, o orçamento novamente estourou, e as dívidas pioraram em quantidade e perfil. As maiores do futebol brasileiro – escreveu.
A dívida chegou a R$ 826 milhões em 2019, porém as receitas no mesmo ano foram de apenas R$ 185 milhões. Há recursos de cerca de R$ 100 milhões em direitos de transmissão, porém outras áreas não têm gerado tanta verba.
– Na área comercial, patrocínios e licenciamentos caíram para menos da metade do que havia sido registrado no ano retrasado. Os R$ 11 milhões nessa linha também estão muito – mas muito – abaixo do que tinha sido orçado pelo financeiro alvinegro para a temporada – escreveu Rodrigo Capello.
Em relação ao Estádio Nilton Santos, o prejuízo foi de R$ 3,6 milhões em jogos e de R$ 6,3 milhões devido a despesas operacionais. Ainda há os juros das dívidas, que chegam a R$ 40 milhões por ano.
Não parece haver salvação por vias ordinárias
Mesmo as receitas com sócio-torcedor e venda de jogadores apenas amenizam as contas. Assim como a contratação de estrelas.
– Adianta contratar um jogador de renome internacional, como Honda? E o aumento que o carisma do japonês pode causar no sócio-torcedor e nas bilheterias? Não parece haver mais como salvar o Botafogo por vias ordinárias. Retomando a metáfora dos cartolas sobre o paciente em estado terminal, acreditar em fanfarronice de dirigente amador seria como tratar falência múltipla de órgãos com analgésico – disse.
– O Botafogo S/A pode ser a medicação tarja preta para este paciente. E aqui é necessário ter cuidado para não ler a bula errado. A ideia é captar dinheiro com investidores – muito dinheiro! – e usar esta grana para resolver o endividamento. Em contrapartida, pela primeira vez na história, eles seriam “proprietários” (entre aspas, porque o plano alvinegro se parece mais com uma locação de longuíssimo prazo do que uma compra) da empresa que administraria o futebol profissional – explicou Capello.
O Botafogo tem R$ 279 milhões em dívidas a pagar a curto prazo. A S/A parece ser a única saída para o clube se estabilizar.