Jogar contra o Corinthians é sempre complicado. Ora perigoso pelos times competitivos que costuma montar, ora ajudado pela arbitragem brasileira, o time paulista costuma endurecer as partidas dentro ou fora de casa. Se o time atual foi enfraquecido pelas seguidas vendas de jogadores, o juizão não deixou a desejar e tentou dar aquela mãozinha.
O Botafogo, por sua vez, não deixou. Numa atuação com disciplina tática e muita raça – algo que faltou contra o América-MG -, o Glorioso manteve o jogo sob controle durante todo o tempo. Ofensivo na primeira etapa e consciente na segunda, o time soube aproveitar as deficiências adversárias e só não saiu com um placar mais dilatado porque desperdiçou boas chances e o bandeirinha deu aquela boa e velha garfada.
Voltando a ter dois laterais com a boa estreia de Alemão, tivemos equilíbrio com duas linhas de 4 igualmente preocupadas em marcar e atacar. Com sabedoria e um jogo forte pelos lados, soubemos alternar jogadas de fundo com facões na diagonal. A dobradinha entre Victor Luis e Diogo Barbosa funcionou novamente, criando uma química forte pela esquerda.
Embora o portal daquela emissora, mamãe de Corinthians e Flamengo, tenha falado que vencemos com “gols polêmicos”, farei o papel de bom jornalista e desmitificarei tal declaração:
Em jogada pelo meio, Neílton recebeu e tentou o drible. O zagueiro chegou pra rasgar e acabou chutando pra trás – o que anulou a posição de impedimento de Vinicius Tanque, que recebeu o presente e apenas rolou pra Neílton marcar. 15 minutos depois, Diogo Barbosa foi lançado em profundidade, recebeu uma bolada à queima roupa e só teve o trabalho de fuzilar pra rede. Dois gols absolutamente legais.
Além disso, antes mesmo de marcar o 1º gol, Neílton recebeu cruzamento em posição legal, ficando cara a cara com Walter aos 18′ do 1º tempo. O bandeirinha, no entanto, levantou seu instrumento, anulando erradamente o lance. Já no lance do pênalti, Emerson estava com o braço junto ao corpo e recebeu a bolada. Numa decisão constrangedora, o árbitrou assinalou infração. Mas, como diz o ditado, pênalti roubado não entra.
Fácil demais interpretar todos os lances citados acima. Cabe a você, leitor, avalizar junto às imagens ou comprar o discurso de quem não tem interesse nenhum na vitória do Botafogo.
Contra tudo e contra todos, seguimos nossa inimaginável caminhada na batalha pela Libertadores. A nova regra da Conmebol, que dará mais uma vaga ao futebol brasileiro, aumenta nossas chances de sonhar: a possibilidade de G5, que viria no caso de alguém do G4 vencer a Copa do Brasil, agora vira G6 – do qual estamos a apenas um pontinho. Estamos vivos!
Notas
Sidão: 8,5
Embora não muito exigido durante a partida, foi decisivo ao pegar o pênalti de Marquinhos Gabriel e segurar a importante vantagem de dois gols na metade do 2º tempo. Definitivamente, dá pra dizer que eu errei ao criticar sua contratação. Acontece.
Alemão: 7
Boa estreia. Voluntarioso e raçudo, ajudou bastante na marcação e iniciou a jogada do 1º gol. Sem a pressão da primeira partida, terá chances pra mostrar seu futebol ofensivo.
Joel Carli: 7
O xerife argentino rebateu todas, foi seguro nos desarmes, chegou duro quando precisou e brigou pelas nossas cores contra quem fosse.
Emerson: 6,5
Voltando à zaga, foi bem atuando pela esquerda. Tem futebol pra manter a titularidade.
Victor Luis: 7,5
Mantendo a ótima regularidade, marcou bem e saiu na boa pras dobradinhas com Diogo Barbosa. Desde já, lamento sua provável saída no fim do ano. Ótimo jogador.
Rodrigo Lindoso: 7
Seu retorno é importantíssimo. Mantém a sobriedade no meio-campo, sendo inteligente na saída de bola, rodando bem o jogo e iniciando as investidas. É a dupla perfeita pra Aírton. Evoluiu demais desde janeiro.
Bruno Silva: 7
Voltou a jogar bem depois de muito tempo. Ligado no jogo, ajudou bastante na marcação e deu suporte em todos os setores. Quem dera jogasse sempre com essa vontade.
Diogo Barbosa: 9
O cara do jogo. Com sua vocação ofensiva, encaixou perfeitamente como extremo. Fez um belo gol de oportunismo e insistência, além de ótimas tabelas – seja com Victor, seja com os meias. Marcou muito e também apareceu na volância em alguns momentos. Renovem logo com o cara!
Neílton: 8
Muito bem no jogo. Movimentação intensa, foi um pesadelo pra defesa do Corinthians. Fez um, poderia ter feito outro se não fosse a arbitragem e deixou companheiros na cara.
Camilo: 5
Sumido, fez sua partida mais discreta pelo Botafogo. Não sei se a parte física tem prejudicado, mas precisamos que ele volte às boas.
Vinicius Tanque: 4,5
Teve a melhor chance da carreira e não aproveitou. Perdeu duas chances de frente pro goleiro e ficou impedido diversas vezes. De positivo, a assistência no primeiro gol e o fato de não ser o Canales.
Rodrigo Pimpão: 4,5
Entrou pra substituir Diogo, lesionado, e o time caiu demais. Muitos passes errados e decisões precipitadas.
Dudu Cearense: 6
Entrou na vaga do exausto Neílton e fechou o meio. Com tranquilidade, rodou a bola e tranquilizou a partida, evitando a pressão corinthiana.
Luis Henrique: 4,5
Na vaga do Tanque, pouco produziu. Infelizmente, seu problema é muito maior que uma má fase técnica. Sua transição foi péssima e o Botafogo parece não saber como lidar com a situação. Estamos jogando uma jóia no lixo.
Jair Ventura: 7,5
Enfim teve peito pra colocar o Alemão, algo que deveria ter sido feito já contra o América. Sua decisão pelo Tanque foi taticamente coerente e teria sido um sucesso se o jogador fosse minimamente bom. O importante foi barrar o péssimo Canales e repetir a dobradinha entre Victor e Diogo pela esquerda. Outra decisão acertada foi escalar Emerson no lugar do seu xará. No geral, foi bem.