Sem sustos. Foi assim que o Botafogo lidou com a partida de volta das oitavas de final da Libertadores após ver dois brasileiros serem eliminados em casa na noite desta quarta-feira. Com dois gols em menos de 10 minutos, o Glorioso liquidou a fatura e apenas administrou durante os 80 restantes. Com 40 mil pessoas no Estádio Nilton Santos e uma linda recepção na entrada da equipe, a noite foi de festa em nossa casa.
Assistir ao Botafogo em mata-mata tem sido um imenso prazer. Não sabemos se vai ganhar ou perder, mas temos a certeza de que nossos jogadores honrarão essa camisa e lutarão do apito inicial até o apagar das luzes. Para o nosso elenco, não há bola perdida. A vontade de fazer historia é sempre maior que qualquer adversidade. Mais que um time, eles são uma família; juntos, lutam um pelo outro e, consequentemente, por todos nós.
Nos últimos dias, andei bastante introspectivo. Ao assistir ao vídeo do amigo José Passini, que desenha poética e linearmente a nossa trajetória nos últimos 4 anos, pude relembrar alguns momentos de bem menos pompa e glamour, mas sempre com o mesmo amor; os perrengues e as tristezas que passamos desde a virada do século, hoje, só servem para aumentar ainda mais a dimensão do nosso feito. Mais do que nunca, merecemos coroar tamanho esforço com um título de expressão e alavancar uma nova época de glórias.
Há alguns meses, deixei de desconfiar desse time. Deixei de pensar, sob qualquer perspectiva, que eles não conseguiriam algo. Uma vitória, uma classificação, um título; afinal, será uma taça tão maior do que o que já construímos até aqui? Todos nós a queremos, mas ela é apenas a cereja do bolo. Saber curtir o momento atual é também muito importante, principalmente para quem, há menos de 3 anos, foi rebaixado e dado como falido.
Para não falar apenas de coisa boa, dedico aqui um parágrafo ao Nacional. Estava eu pronto para elogiar a postura dos uruguaios, que cantaram e apoiaram seu time mesmo com o 3 a 0 no placar agregado, mas perderam todo o mérito no fim do jogo – em campo e na arquibancada. Entradas violentas e cadeiras quebradas, incitações à violência e um vandalismo desproporcional. Lamentável que não saibam perder. Que voltem para casa presos ou chorando.
Quem quer fazer historia, no entanto, não pode parar. É hora de repetirmos a festa e lotar novamente o nosso estádio para o confronto de quarta-feira, contra os mulambos sem teto, pela Copa do Brasil. Estamos a 4 jogos de um título nacional e vamos lutar por ele até a última gota de suor. O Botafogo somos nós.
Notas
Gatito: 7
Seguro, fez duas boas defesas nas únicas vezes em que foi exigido.
Luis Ricardo: 6,5
Ainda recuperando o ritmo, alternou bons e maus lances. Ainda assim é, disparado, a melhor opção para nossa lateral direita.
Joel Carli: 7
Muito bem nos cortes e desarmes. Fechou bem o lado direito junto com Luis.
Igor Rabello: 7,5
Voltou a jogar bem e não deixou passar nem pensamento. Com confiança, jogou até em linha alta em alguns momentos.
Victor Luis: 6,5
Boa partida, fechando bem o setor defensivo e ajudando nas subidas do Pimpão. Vacilou ao ciar na pilha dos uruguaios e será desfalque importante contra o Grêmio.
Matheus Fernandes: 7
Ainda que tenha feito boa partida, não engrenou o futebol que pode mostrar em grandes jogos. Mesmo assim, correu muito, fez alguns desarmes e iniciou contra-ataques. Bom jogo.
Rodrigo Lindoso: 7
Discreto, fez seu trabalho sujo. Desarmou, protegeu nossa intermediária e distribuiu o jogo a partir do nosso campo.
João Paulo: 8,5
Uma assistência, muita raça, bons passes e importante na marcação. Mais uma vez, o melhor do time – mesmo sem a toca.
Bruno Silva: 8
Com sua intensidade finalmente de volta, é a cara do mata-mata. Gol importantíssimo logo nos primeiros minutos e muita dinâmica no meio-campo. Peça muito importante.
Rodrigo Pimpão: 7,5
Fez um gol que é sua marca registrada: insistindo na jogada até o fim, mesmo que seja o último a ainda acreditar. Seu jogo como extremo melhorou após alguns jogos apagado.
Roger: 7
Boa atuação. Brigou com os zagueiros – algumas vezes sozinho -, fez o pivô e deu bons passes. Quase acertou uma linda assistência de primeira. Para coroar a atuação, só faltou calibrar a pontaria.
Guilherme: 7
Entrou bem e, por incrível que pareça, soltou a bola. Perigoso nas costas da marcação, puxou bons contra-ataques. Se jogar sempre com essa seriedade, será útil.
Dudu Cearense: 6,5
Com o jogo resolvido, conseguiu acompanhar o ritmo e quase fez um gol em escanteio.
Gilson: sem nota
Atuou por poucos minutos.
Jair Ventura: 8
Seu time continua voando no mata-mata. Não sei se foi orientação de vestiário, mas o time pisou em campo determinado a matar o jogo já nos primeiros lances – e deu certo.