Caio Martins, 1998.
O Palmeiras festejava o melhor time do Campeonato Brasileiro. O Botafogo, mesmo com Túlio e Bebeto, lutava ferrenhamente contra o rebaixamento. O Botafogo abriu 2 a 0 e explodiu o estádio em Niterói. O Palmeiras, com Paulo Nunes, descontou e gerou apreensão. No entanto, através de um pênalti cometido pelo goleiro adversário, o Glorioso abriu 3 a 1 e deu números finais.
Àquela época, o Fogão renasceu no Brasileirão. Ali, naquela tarde, começou a afastar o fantasma do rebaixamento. A semelhança com os acontecimentos de hoje chega a ser assustadora. Saímos na frente, abrimos dois, eles diminuíram, nós liquidamos pela marca do cal. Coincidentemente, eu lembrei dessa partida ao acordar neste domingo – por acaso, foi meu primeiro jogo do Botafogo no estádio, aos 8 anos.
Hoje, me permito não falar de números, análises, táticas e afins. A emoção que tomou conta de mim no terceiro gol, ao perceber todas as coincidências e vibrar com a importantíssima vitória na Arena Botafogo, foi a mesma de Espinosa – técnico e aniversariante naquele dia há distantes 18 anos. Toda a tensão desse jogo-chave se transformou em combustível pra enfrentar de frente o resto do campeonato.
“Querer é poder. Poder é fazer. Fazer é vencer”. Esses eram os dizeres do vestiário do Palmeiras no Caio Martins, mas poderia se transformar no lema do Botafogo na competição atual. O time não é dos melhores mas, jogando no seu limite, aliado à força da torcida na nova Arena, é capaz de derrotar qualquer adversário. Mesmo com todos os erros da diretoria, é possível vislumbrar um fim de ano tranquilo como em 1998.
Notas
Sidão: 5,5
Fez algumas boas defesas, mas falhou no gol ao espalmar a bola pro meio da área.
Luis Ricardo: 5,5
Sustentou bem a pressão do Palmeiras pelo lado direito, mas novamente foi muito displicente no ataque. Precisa de um intensivão de cruzamentos.
Emerson: 7
Ganhou diversas disputas no mano a mano e aliviou a pressão dentro da área.
Renan Fonseca: 6
Bem na jogada aérea. Se complicou como sempre nas jogadas em profundidade; na velocidade, perde todas.
Diogo Barbosa: 6,5
Bem nas jogadas em diagonal, auxiliou bem o ataque. Deu uma bobeada que quase custou uma chance clara de gol, mas fez o que deveria ter feito contra a Chape: fez a falta e levou o cartão.
Airton: 8,5
Impecável na marcação, cão de guarda em frente à área. Como bônus, fez um lance lindíssimo com chapéu e caneta em sequência.
Rodrigo Lindoso: 7,5
Muito bem na marcação e na saída de jogo. Quase todas as jogadas passavam por ele. Mais uma vítima do nosso péssimo departamento médico, saiu com lesão muscular.
Bruno Silva: 7
Mais ligado, parece ter levado dura nas internas. Ajudou na marcação e saiu pro jogo, participando das triangulações com meias e laterais.
Camilo: 6,5
Muito bem marcado, foi discreto na maior parte do jogo. Quando descolou da zaga, mostrou a qualidade de sempre. Coroado com o gol de pênalti no final.
Neílton: 10
Destruiu o jogo. Vem numa crescente ótima e mostrou que o técnico errou ao barrá-lo. Dois belíssimos gols, participou de todos os lances e ainda ajudou na marcação.
Canales: 5,5
Perdeu chance boa no início. Vai bem ao proteger a bola e sabe fazer o pivô, mas ainda está devendo fisica e tecnicamente.
Vinicius Tanque: 6
Participou em apenas um lance, mas foi decisivo e esperto ao cavar o pênalti.
Dudu Cearense: 6
Entrou na vaga de Lindoso e seguiu o fluxo do time. Tem boa técnica e pode ser útil ao longo da competição.
Salgueiro: sem nota
Entrou no fim e nem encostou na bola.
Ricardo Gomes: 7
O esquema tático ficou em segundo plano diante de tanta vontade. O Botafogo impôs seu ritmo com bom toque de bola e ofensividade, encurralando um Palmeiras sem inspiração. Que seja sempre assim.