Não se trata de admitir o erro, o que não teria o menor problema se fosse o caso.
Era fundamentalmente questão de coerência, muito embora o futebol não tenha lógica em alguns casos. Como esse do Botafogo, por exemplo.
De fortíssimo candidato ao rebaixamento, reconhecido inclusive pela própria torcida, o Botafogo simplesmente se transformou na maior zebra do campeonato brasileiro.
Sim. Zebra.
Ninguém, nem o mais otimista torcedor, poderia prever cenário semelhante. Não mesmo. Se alguém disser o contrário é mentira. Dentro do clube inclusive.
O foco era se manter na primeira divisão.
O Botafogo apanhou da mídia. Virou chacota dos adversários e após a saída de Ricardo Gomes deram no máximo 5 jogos ou 3 semanas de sobrevida ao recém-empossado Jair Ventura.
Eis que Jair Ventura acabaria sendo o grande responsável pela arrancada inacreditável do time.
Tudo passou a conspirar a favor. A mudança do sistema de classificação para a Libertadores transformou o sonho numa realidade.
O segredo talvez tenha sido a simplicidade e humildade daqueles que comandam o Botafogo, leia-se, Jair Ventura.
O técnico evitou até o último instante, certo estava ele, em falar sobre Libertadores. Jair tinha os pés no chão e sabia que o primeiro objetivo seria livrar o time do fantasma do rebaixamento.
E agora?
Como será convencer o torcedor de que esse time não pode ir além?
É difícil conter a euforia.
Independentemente da classificação para Libertadores o grande mérito de Jair foi resgatar a autoestima do torcedor.
Hoje o Botafogo virou motivo de orgulho. Nem por isso porém deixa de ser zebra.