O torcedor rubro-negro que assiste aos jogos do time de juniores já deve ter se deparado com uma cena curiosa: Donizete, mais conhecido como Pantera, ídolo no Botafogo e no Vasco, torcendo e vibrando com os gols do Flamengo. Mas os alvinegros não precisam se decepcionar e renegar o ex-atacante, um dos heróis do título brasileiro de 1995. Há uma explicação: seu filho, Renan Panterinha, é atacante da equipe da Gávea. Um conflito que deixará o clã felino dividido no clássico de hoje.
— Os torcedores do Flamengo me tratam muito bem quando me encontram nos jogos. Acho que sou o cara que não jogou no clube mais respeitado pela torcida. Quando me veem, eles sempre falam: “Você é a cara do Mengão! Tinha que ter jogado aqui” — contou Donizete, que admite que a ligação com o Rubro-negro começou antes da chegada do filho à Gávea, há quatro anos.
— Eu já sonhei jogar no Flamengo. Acho que todo jogador que viu aquele time do Zico sonhou jogar no Flamengo. Mas o destino me levou para o Botafogo, ao qual eu sou muito grato porque foi o clube que levantou a minha carreira.
Renan tem a oportunidade de realizar o sonho do pai. Aos 17 anos, ele tem contrato com o Flamengo até 2014. Já foi sondado por clubes como Nápoli e São Paulo, mas quer se profissionalizar na Gávea. Hoje, estará de olho no clássico no Maracanã ,sonhando com o dia em que terá a sua vez no estádio.
— O que mais me motiva é isso: ver o Maracanã e a seleção brasileira e pensar que um dia posso estar lá — disse Renan, tímido com as palavras, mas à vontade para imitar a comemoração da pantera, eternizada pelo pai e que agora ele repete após seus gols.

Donizete: sonho de treinar a base do Botafogo
Assim que abriu as portas de sua casa para o Jogo Extra, Donizete parou para resolver uma pequena confusão. O carteiro insiste em confundi-lo com outra celebridade.
— Essa carta é do Djavan. Põe no correio dele — falou o ex-jogador ao empregado.
O Pantera nunca sonhou em ser cantor como o vizinho. Seu novo objetivo é virar técnico. Fez o curso preparatório e já carrega um certificado a tiracolo. O desejo é começar na base.
— Como estou começando, acho que o ideal seria a base, para ter o direito de errar e aprender. Já recebi uma proposta para trabalhar no Sul, mas queria começar aqui no Rio. De preferência nos clubes onde construí uma história: Botafogo e Vasco.
Como treinador, ele evita analisar o trabalho do filho. Nessas horas, deixa o lado pai coruja falar mais alto.
— Eu acho que ele é até melhor do que eu quando garoto. Porque eu era grosso. Ele é mais inteligente, sábio.
As comparações com o pai são inevitáveis. Mas Renan, que fala de futebol com naturalidade durante toda a entrevista, não perde a calma quando o assunto é a pressão por ser filho de um ídolo.
— Não acho que isso aconteça muito comigo. Eu vejo mais no Mattheus e no Romarinho — afirmou Renan, que gosta tanto de ser comparado ao pai que assumiu o apelido de Panterinha e tatuou o felino no braço.