Muitos dizem que mudar de técnico é a solução para uma saída da má fase no Cameponato Brasileiro. Nos casos de São Paulo e Botafogo, por exemplo, os sentimentos são opostos.
No início de agosto, Ricardo Gomes deixou a equipe carioca apenas na 15ª colocação e à beira da zona de rebaixamento, com apenas 20 pontos conquistados em 54 possíveis – aproveitamento de 37% no torneio nacional.
Então candidato certo ao descenso, o Bota apostou em Jair Ventura, auxiliar técnico fixo do clube, para tentar subir na tabela. Com o rendimento acima do esperado, hoje os alvinegros já estão na sétima colocação do Brasileirão e brigando para adentrar o G-6 do certame, que o classificaria à Libertadores da próxima temporada.
Com o filho de Jairzinho, o Botafogo conquistou 24 pontos dos 33 possíveis, obtendo um aproveitamento de campeão: 72,7%. A equipe carioca, inclusive, só não é melhor que Palmeiras, líder, e Flamengo, vice-líder, no segundo turno.
Curiosamente, Ricardo Gomes saiu do Bota em má colocação para assumir o São Paulo, hoje mais um candidato ao rebaixamento para a Série B de 2017.
Na 20ª jornada, uma rodada antes do ex-zagueiro assumir o “Tricolor”, o clube era o 12º, a cinco pontos do rebaixamento. Atualmente, a equipe do Morumbi piorou duas posições e está a apenas três do Internacional, primeiro que cairia para a segundona no ano que vem.
Se com seu antigo técnico, Edgardo Bauza, e o auxiliar, André Jardine, o São Paulo tinha 43,3% de aproveitamento, com Gomes ele é ainda mais baixo: 37%, com apenas dez dos 27 pontos possíveis ganhos em nove partidas até aqui.
E nos outros times?
Para a maioria dos clubes do Campeonato Brasileiro que trocaram de técnico, a máxima descrita no primeiro parágrafo é verdadeira. São os casos de Flamengo, Internacional, Cruzeiro, Grêmio, Coritiba, Vitória, América, além do Botafogo.
O que mais se deu bem até agora com sua substituição no banco de reservas foi o Vitória. A equipe baiana, que tinha Vagner Mancini desde o início do certame, deu as boas-vindas a Argel Fucks e, com ele, vieram os triunfos.
Foram nove pontos em quinze ganhos pelo “Leão” com o ex-colorado e 60% de aproveitamento. São, portanto, 23,9 pontos percentuais a mais do que com Mancini, que deixou o Vitória com apenas 36,1% de rendimento.
Logo atrás dos baianos vem o Cruzeiro, com Mano Menezes, que aumentou em 22,6 pontos percentuais o aproveitamento celeste – era de 31,3% com os antecessores Paulo Bento e Geraldo Delamore.
O que mais piorou foi o Corinthians. A equipe do Parque São Jorge “se perdeu” após a ida de Tite para a seleção brasileira. Com o atual técnico da “amarelinha”, o Alvinegro havia ganho 61,9% dos pontos nas sete primeiras rodadas do Brasileirão.
Seu substituto, Cristóvão Borges, não agradou a torcida e acabou demitido após ter só 49% de aproveitamento, 12,9 pontos percentuais a menos que seu antecessor.
Apesar disso, o auxiliar técnico Fábio Carille, que assumiu de forma efetiva até o final do ano, também não conseguiu melhor o rendimento corintiano. Pelo contrário.
Com ele no comando, foram três jogos, sendo um empate e duas derrotas, com um aproveitamento pífio de só 11,1%. Em relação a Cristóvão, a queda é de 37,9 pontos percentuais e, a Tite, é ainda mais assustador: 50,8.
Veja quanto cada time melhorou ou piorou seu aproveitamento com a troca de técnico:
Botafogo
Antes de Jair Ventura: 37%
Com Jair Ventura: 72,7%
Diferença (em pontos percentuais): 35,7
Vitória
Antes de Argel: 36,1%
Com Argel: 60%
Diferença (em pontos percentuais): 23,9
Cruzeiro
Antes de Mano: 31,3%
Com Mano: 53,8%
Diferença (em pontos percentuais): 22,5
Coritiba
Antes de Paulo César Carpegianni: 33,3%
Com Paulo César Carpegianni: 54,5%
Diferença (em pontos percentuais): 21,2
Flamengo
Antes de Zé Ricardo: 44,4%
Com Zé Ricardo: 64,1%
Diferença (em pontos percentuais): 19,7
Grêmio
Antes de Renato Gaúcho: 47,4%
Com Renato Gaúcho: 66,7%
Diferença (em pontos percentuais): 19,3
América-MG
Antes de Enderson Moreira: 17,8%
Com Enderson Moreira: 31%
Diferença (em pontos percentuais): 13,2
Internacional
Antes de Celso Roth: 38,6%
Com Celso Roth: 40,7%
Diferença (em pontos percentuais): 2,1
Figueirense
Antes de Marquinhos Santos: 35,9%
Com Marquinhos Santos: 33,3%
Diferença (em pontos percentuais): -2,6
Chapecoense
Antes de Caio Júnior: 45,5%
Com Caio Júnior: 42,6%
Diferença (em pontos percentuais): -2,9
São Paulo
Antes de Ricardo Gomes: 43,3%
Com Ricardo Gomes: 37%
Diferença (em pontos percentuais): -6,3
Corinthians
Antes de Cristóvão: 61,9%
Com Cristóvão: 49%
Diferença (em pontos percentuais): -12,9
Depois de Cristóvão: 11,1%
Diferença (em pontos percentuais): -37,9