Em excelente entrevista ao jornal italiano “La Gazzetta dello Sport“, Davide Ancelotti abriu o jogo sobre seu início no Botafogo, a relação com seu pai e seu estilo favorito de futebol. O técnico ainda revelou que gostaria de trabalhar com Toni Kross no Glorioso.
– Não tenho um modelo específico. Na temporada passada, gostei muito do PSG do Luis Enrique. Era um time compacto, bem posicionado tanto na defesa quanto no ataque. Meu objetivo é trazer um estilo de jogo para o Botafogo e, como sempre, são os jogadores que fazem a diferença – disse Davide, antes de responder qual jogador gostaria de ter no time.
– Um fenômeno que infelizmente se aposentou: Toni Kroos. Meu favorito absoluto entre todos os jogadores com quem joguei – adicionou.
Já ao comentar sobre o que aprendeu com o pai, Davide Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira, explicou como gosta de ver as equipes jogando.
– Tudo o que sei é fruto dos ensinamentos dele; ele é meu modelo, não posso negar, mas não quero ser uma cópia dele. Tenho minhas próprias ideias e, às vezes, discutimos sobre táticas. Isso acontece quando trabalhamos juntos. Gosto de futebol agressivo, vertical e organizado. Estudei muito ao longo dos anos: não apenas os métodos do meu pai, mas também os de Guardiola, Klopp e outros grandes treinadores. E aí, quando não sei o que fazer, assisto a um jogo do Milan do Sacchi e me arrepio: aquele time, 35 anos atrás, fazia o que deveríamos fazer hoje: pressionar, sobrepor, atacar o adversário, impedimento sistemático. Uma loucura – elogiou.
Leia outras respostas:
Início como treinador
– O futebol é uma paixão aqui. Meu pai exige e sofre. Se você é técnico, ter meu sobrenome é um peso enorme. Não será fácil superar os problemas e preconceitos.
– Agora, porém, ando sozinho. Sou o primeiro treinador, não mais o segundo. A responsabilidade aumentou, e eu sinto isso. Liderar o Botafogo não é brincadeira. Eu queria uma bicicleta e agora pedalo. A diretoria do Botafogo, a comissão técnica, os jogadores e a torcida estão me ajudando muito. Ser técnico exige uma energia considerável: você tem que manter tudo sob controle, dar diretrizes, resolver problemas e só no final pensar em montar o time…
– Eu queria me desafiar. Aos 36 anos, acho natural e humano tentar uma experiência como essa. Eu me sentia pronto, então me arrisquei. E levo uma lição, a do meu pai: será muito útil nesta jornada.
Peso do sobrenome
– Se você é treinador, é incrivelmente pesado. Não posso negar. Mas também é pesado para Daniel carregar o sobrenome Maldini, depois que Paolo foi um monumento. E deve ter sido pesado para Paolo começar depois de Cesare… É normal. Sei que serei julgado, principalmente no início, porque sou ‘filho de Carlo’. E também sei que não será fácil superar os problemas e preconceitos. Mas só conheço uma maneira de aprender a nadar: mergulhar no mar e mexer os braços e as pernas. É isso que estou tentando fazer.
Relação com o pai Carlo Ancelotti
– Ele é meu fã número um todos os dias. Ele sofre muito durante os jogos, faz perguntas, ouve, mas sempre de forma discreta. Ele não é invasivo. Ele me deixa seguir meu próprio caminho e só me dá conselhos se eu pedir.
Estará na Copa do Mundo de 2026?
– Se ele ainda me quiser… Participar de uma Copa do Mundo como técnico do Brasil é uma oportunidade fantástica. Ele está muito motivado, sente profundamente o compromisso. E eu vou ajudá-lo.
Paixão dos brasileiros pelo futebol
– Só se entende vivenciando. É incrível, há uma paixão que nós, europeus, nem imaginamos. Aqui, eles vivem o futebol 24 horas por dia; é o centro da existência deles. Se o Botafogo perde, a torcida chora: vocês entendem a responsabilidade? Eu treino o time que era do Garrincha, do Nilton Santos, do Didi, do Zagallo e do Jairzinho. Eles são lendários.
Torcida do Botafogo
– A torcida me recebeu muito bem. E o clube também. Não senti nenhuma desconfiança. Curiosidade, sim, claro. Mas os resultados contam: se você joga bem, é um fenômeno. E se joga mal, te criticam. É assim em todos os lugares, e o Brasil não é exceção.
Relação com o elenco
– Uma palavra: diálogo. Aprendi que é preciso conversar com os jogadores, é preciso ouvi-los. É assim que se constrói um time vencedor. Me considero um treinador tranquilo; não gosto de levantar a voz. Vem de dentro. Nós, Ancelottis, somos assim. Às vezes, é mais importante conversar com um jogador que está um pouco desanimado do que mandá-lo correndo para o campo. O bom senso é uma regra fundamental.