O Botafogo contratou Renato Paiva depois de diversas tentativas sem sucesso – as duas mais conhecidas foram por André Jardine e Vasco Matos. Luís Miguel Henrique, advogado de Jorge Jesus e que trabalha em um grupo de comunicação em Portugal, revelou bastidores da negociação com o treinador do Santa Clara e disse que a “má fama do Botafogo em relação a pagamentos” pesou.
– A coisa não correu bem na conversa com o Botafogo, pelo que soube. Neste momento, o que se passa em relação à volta do Botafogo é que está acontecendo alguma má fama em relação a pagamentos. O Vasco ouviu, eu soube que teve esse receio, porque há um conjunto de dívidas do Botafogo com treinadores portugueses que passaram pelo clube recentemente. Eles falam todos uns com os outros, Bruno Lage, Artur Jorge, havia um conjunto de treinadores que têm pendências por resolver e que não conseguem solucionar. Quando o Vasco pediu um determinado tipo de garantias, essas garantias não apareceram e a coisa terminou por aí. Com todo respeito, a questão das licenças é secundária – disse Luís Miguel no “Charla Podcast“.
O advogado, que não trabalha diretamente com Vasco Matos, disse não saber se os rumores são verdadeiros e recomendou que o Botafogo ataque o problema.
– Eu tenho conhecimento indireto, porque há colegas que trabalham com a situação, mas volto a dizer, é voz corrente, mesmo na mídia em Portugal. Sabemos que há treinadores portugueses que têm um pré-contencioso, ainda não existem ações na Fifa, porque estão tentando dialogar, mas existe um conjunto de ações com o John Textor em relação às passagens pelo Botafogo. Há questões que têm a ver com algumas das empresas do John Textor, mas o problema acaba por ser pela passagem pelo Botafogo. Pela estrutura contratual, como foi feita, acaba por ser um pouco atípica – afirmou o advogado.
– Em comunicação, o cara que vem treinar o Botafogo, quando sai, as contas não ficam certas, e isso põe algum receio. Acho que é algo que o John Textor tem que ter algum cuidado, porque das duas uma, ou é mentira, e se for mentira, está tudo pago, OK, mas essa informação existe em Portugal e pode estar estragando a imagem e a reputação do Botafogo e do John Textor. Se é um rumor, tem que ser rapidamente combatido, se está por resolver, tem que resolver, porque isso está prejudicando a imagem do Textor e do Botafogo – prosseguiu.
– Até porque isso vai acontecer mais tarde com o empresário. Uma coisa é quando o empresário precisa colocar o jogador, agora, quando o empresário não precisa colocar o jogador, vai ter receio, não é só pelo salário do jogador, é pela sua comissão, que é sempre o último a receber. Se o cara vai ter medo de receber a sua comissão, a vida começa a ficar mais difícil para o Botafogo, por isso é que eu digo que, ou é verdade e tem que ser resolvido, se não é, o boato tem que ser rapidamente combatido – concluiu.
Luís Miguel Henrique, por outro lado, elogiou o faro de John Textor de buscar treinadores, acreditando que Vasco Matos em breve vai se tornar um dos principais técnicos de seu país.
– Textor sabe escolher treinadores, porque vocês vão ouvir falar do Vasco muito rapidamente. Para mim, ele vai ser um dos melhores treinadores portugueses nos próximos dez anos. Textor tem olho, ele está sendo bem aconselhado, bem assessorado, porque ele vai no ponto certo. O Vasco teria sido uma baita de uma contratação – opinou.
– Ele era auxiliar do Casa Pia quando colaborei com o clube na reorganização. Todos os caras lá da estrutura me falavam muito bem dele. Depois, vi o que ele fez no Santa Clara, primeiro na segunda divisão, e o que ele está fazendo este ano na primeira. Tirando os quatro grandes, é o clube. E não é só resultado, é resultado com exibição, coisa que aqui no Brasil o povo gosta. Não interessa ser apenas o resultado se você não entrega bom futebol, e o Vasco tinha isso para entregar – completou o advogado.