A expulsão de Gregore logo no início na final da Libertadores 2024 contra o Atlético-MG deixou aflitos todos os torcedores do Botafogo. Foi apenas um ingrediente marcante no histórico título do Glorioso. Para Alexander Barboza, o cartão vermelho acabou tendo significado positivo.
– Na hora pensei “fodeu. E agora?” A gente planejou um jogo e aos 20 segundos tinha que mudar completamente. Mas também acho que favoreceu, olhando de certo ponto. Porque eu acredito que a gente ia procurar o jogo, tentar ganhar o jogo. E o Atlético ia recuar e sair no contra-ataque. Mas isso mudou o plano deles. E eles tiveram que sair e não conseguiam entrar na linha da gente. E aí encontramos o primeiro gol, o desespero deles, o segundo gol. Depois eles fizeram um gol na gente. E aí? E agora? De novo? E nós mantivemos a concentração o tempo todo. Um pouquinho de sorte também. Porque o Vargas teve duas jogadas, era o empate. Um pouco de sorte que a gente precisa às vezes – explicou Barboza, ao canal da Yara Fantoni, antes de contar a reação que teve com Gregore.
– Eu dei um abraço nele quando acabou o jogo. E nós dois choramos juntos. Ele só agradeceu. Obrigado, obrigado. Só de pensar um segundo, de me colocar na cabeça dele, quando ele foi expulso, você está esperando o jogo da sua vida, a primeira vez que vai jogar na final da Libertadores, você é expulso com 25 segundos, o que você vai pensar nesse momento? Tudo de ruim. Tudo. E a gente ganhou. Então acho que foi para ele também um desabafo muito grande. Por tudo o que poderia ser depois, se a gente perdesse a final. Para ele. Acho que na sua carreira foi uma mudança muito grande. Podia ser, né? E graças a Deus deu certo. A gente ganhou. A gente fez de tudo para ganhar. Obviamente pensando nele também. E aqui estamos – completou
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Principal jogo da carreira
– O melhor ou o mais importante? Os dois acho que é a final do Libertadores. Não tem outro como esse. O que eu joguei melhor, pelo contexto, pelo rival e tudo, acho que é contra o PSG. Porque a grande maioria não acreditava na hora que falou vai ter Botafogo na chave do PSG. Muita gente falava que o Botafogo não ia passar. Todo mundo, a grande maioria das pessoas não acreditava. A gente sim. Por isso foi que o jogo acabou assim. Para mim, cada jogo é como o último. Eu vivo assim os jogos. Eu sentia um nervosismo, que senti na final da Libertadores, que senti na semifinal. Por o rival, por o rival. É um rival que era o campeão do Champions, vinha de fazer quatro gols no Atlético de Madrid também. Então foram muitas coisas que me fizeram estar muito concentrado. E deu certo, graças a Deus.
Melhores amigos no futebol
– Eu tenho muitos. Se eu tenho que escolher um aqui de Botafogo, é mais difícil escolher. Mas Diego Hernández e Mateo Ponte foram pessoas fundamentais para mim aqui. Dentro e fora também. Vamos jantar, vamos para o cinema. Curtimos um pouquinho a noite aí, quando dá tempo. Eles são pessoas muito boas. Então acho que essa mistura também. Ele tem menos idade, 23 e 22 anos. Hoje eu tenho 30, sou um pouquinho velho. Mas sou um cara que gosta da resenha, gosta do papo todo o tempo. Acho que eles dois são os mais importantes.
Brasileiro, uruguaio ou argentino?
– Brasileiro não. Gosto muito do Brasil. Gosto da cidade que eu escolhi jogar. Mas sou argentino e uruguaio. Eu nasci em Buenos Aires. Minha mãe ficou grávida no Uruguai. Meu pai e ela foram morar na Argentina. Eu nasci na Argentina. Mas meu pai e toda a família dele é do Uruguai. Então, metade e metade.
Naturalização como uruguaio
– Eu sempre quis fazer, mas no futebol eu senti que estava sempre longe. De pensar em jogar na seleção. Então, quando eu cheguei aqui, obviamente o Botafogo é um clube grande. É um clube grande que tem uma história. E a gente estava construindo a nossa história também. Começamos a avançar na Libertadores. No Brasileiro estávamos muito bem. E eu pensei, posso fazer naturalização e sonhar com um chamado, né? E estamos esperando.
Identificação com a torcida
– Graças a Deus, sim. Acho que eles têm um carinho muito grande por mim. Eu também por eles. Minha família, por eles também. Eles são muito gratos por isso. Nas redes sociais, com minha esposa, com meus pais, com meu pai e minha mãe. Acho que é uma satisfação muito grande. Porque você consegue isso só com trabalho, sempre.
Diferenças de estilo de jogo
– Acho que o brasileiro é muito técnico. Futebol argentino e futebol uruguaio é mais na raça. Mais o uruguaio. Eu tento, da minha parte, o que eu sei, fazer e trazer um pouquinho também para ajudar o time. Libertadores é muito diferente. Mesmo o juiz tem uma visão de jogo diferente do juiz brasileiro também. Deixa jogar. Você sabe que na Libertadores você pode entrar um pouco mais forte.
Estilo próprio
– É minha característica, sim. Eu sempre me criei. Eu era criança e sempre joguei com meninos mais grandes. Eu tinha 3 ou 4, jogava com meninos de 7 ou 8. Depois fui crescendo igual. Então acho que eles batiam em mim e eu tinha que me defender também. Então aprendi também que é um jeito. Busquei o meu jeito para me defender. E acho que isso eu peguei aí e trouxe para aqui também.
Início da carreira
– Eu era atacante. Bom atacante. Aqui são três gols no Botafogo, aqui tenho poucos. Tenho mais no Defensa y Justica e no Libertad. Tenho muitos gols. Aqui não tenho tantos. Vou tentar fazer mais. Eu era muito rápido, muito forte e muito alto. Mas fazia diferença com a minha altura. Então, depois tudo se equilibra. E eu fiquei lento, fiquei muito alto. E fui de volante para a meia, de meia para a lateral, lateral esquerda para zagueiro e aí fiquei.