Ex-bandeirinha e ex-presidente da Comissão de Arbitragem da CBF e da Federação Paulista de Futebol (FPF), da qual foi demitida no fim de 2023, e ex-instrutora de arbitragem da Fifa, Ana Paula Oliveira deu sua opinião sobre o VAR no Brasil. Apesar de favorável à ferramenta, ela pede mudanças e revela uma possível existência de “códigos” não oficiais.
– (Prefiro arbitragem) Com VAR. Temos que mudar a forma que usamos o VAR, a tecnologia não foi feita como ela é utilizada hoje. Sou favorável à arbitragem raiz, com suporte do VAR. O que é arbitragem raiz? Eu (árbitro) apito o jogo, eu mando, eu sou o autoridade máxima, o VAR é meu auxiliar. Não o contrário, o VAR ficar falando toda hora, se vai entrar dúvida de cartão ou outro, criar códigos, criar símbolos, que você escuta o “ai”, sabe que tem que subir o cartão. Isso não existe. Esses códigos não podem acontecer – criticou Ana Paula, em podcast com o jornalista André Hernan, do “UOL”.
Quando perguntada especificamente sobre esses códigos e se ainda ocorrem, Ana Paula Oliveira fugiu de polêmica.
– Não posso dizer porque não estou envolvida agora, mas a gente já ouviu muito. Uma das lutas das comissões é evitar essas nomenclaturas que não fazem parte da nomenclatura oficial. Por isso da importância do jogo inteiro ser gravado, para que você monitore, para que você cuide – disse Ana Paula, que tem outras ressalvas.
– Sou favorável ao VAR sim, primeiro porque gera mais trabalho, segundo porque tem recurso a mais para ajudar o árbitro, porque o futebol está mais veloz, mais físico, humanamente você não consegue cuidar daquele retângulo como gostaria. Você ter o olho eletrônico ajuda, mas precisa preparar quem está no olho eletrônico. Está no olho eletrônico e quer apitar? Vai apitar, não vai para o olho eletrônico, não vai ser VAR. E acho que todo grande VAR tem que ter sido um grande árbitro. O que tem acontecido aqui, pela nossa necessidade de formar e preparar, é que muitos que estão na cabine não foram extraordinários árbitros. Quando você é testado em uma máxima dentro do campo de jogo, esse feeling te leva para a cabine, você entende a angústia de quem está lá dentro. Quando você não viveu algumas situações… Sou cada vez mais favorável ao VAR que apita, que esteja sentindo o campo de jogo, está na Primeira Divisão na cabine e apita a Segunda. OK. Preciso dele vivenciando para poder agilizar lago cognitivo, tomada de decisão e analítico para o profissional que está no campo – argumentou.
Hoje trabalhando na parte da organização da Copa do Mundo Feminina de 2027 em São Paulo e com consultorias particulares com clubes, Ana Paula Oliveira ainda planeja voltar à elite do futebol brasileiro no futuro.
– Talvez eu vá mudar a forma, eu vou me reinventar, como eu estou fazendo, eu vou aprender, mas eu volto. Eu volto e vou ajudar muitas pessoas, e vou contribuir para o nosso Campeonato Brasileiro ainda, eu tenho certeza disso, desde que me permitam colocar algumas ideias em prática. Eu sei que o momento não é agora, não é para isso. Eu vou estudar o período que for necessário para quando a oportunidade bater à minha porta novamente, eu possa corresponder mais e melhor comparado ao que eu fiz em São Paulo – completou.