Ana Sátila deixa o Botafogo e critica ‘casos de assédio moral’; dirigente defende clube

Ana Sátila deixa o Botafogo e critica ‘casos de assédio moral’; dirigente defende clube
Gaspar Nóbrega/COB

Mais uma baixa no Botafogo. Atleta da canoagem slalom com cinco medalhas em mundiais, Ana Sátila deixou o clube após os últimos dois anos e fez um desabafo em entrevista ao podcast “Rumo Ao Pódio”, do “GE”.

– É muito triste. Foi uma realidade que eu precisei presenciar, foi uma vontade minha estar num clube para que a gente começasse ali a desbravar algo que não havia na canoagem ainda. Essa experiência infelizmente não foi boa e hoje eu acho que tenho até a obrigação de alertar os atletas que ainda estão ali presentes para realmente falar. O atleta tem que ser valorizado, ainda mais no nosso país e ainda mais nesse momento – reclamou Ana Sátila.

A atleta contou sua história no clube, com elogios ao ex-presidente Durcesio Mello e críticas à diretoria atual, comandada por João Paulo Magalhães Lins.

– Dois anos atrás, eu entrei para o Botafogo com uma expectativa de mudança muito grande, sabe? Como estava no Rio, treinando, fazia muito sentido estar em um clube carioca que queria incentivar, que queria apoiar o esporte, né? Eu fui convidada a entrar no Botafogo. E eu conheci um cara que ele é fenomenal, Durcesio Mello. Ele era o presidente do Botafogo nessa época, quando eu entrei. E ele me recebeu assim de braços abertos, de uma forma tão carinhosa, tão bonita – diz Ana Sátila.

– Não tinha investimento, quando eu entrei, ele sentou comigo e falou: “Eu não consigo te pagar, mas a gente quer. Então confia em mim que eu vou atrás, eu vou tentar. Você não vai ter salário, você não vai ter investimento. Se tudo der certo, uma camiseta, um uniforme. Então, era com isso que eu entrei no Botafogo. E eu estava feliz – acrescentou.

O problema, segundo ela, veio posteriormente. Ana Sátila deixou o Botafogo assim como o namorado Lucas Verthein, que havia saído em agosto.

– Eu aprendi a torcer pelo futebol também, tanto que eu vou ser botafoguense pelo resto da minha vida, mas eu não estou mais no clube. O Durcesio precisou sair do Botafogo, entrou o novo presidente. A partir de aí, o esporte olímpico foi esquecido, ele foi deixado de lado totalmente, não só a canoagem. Até o remo, que é um esporte tradicional do Botafogo. O pessoal é constantemente prejudicado, e o clube não paga um salário digno, a gente tá falando 200, 300, 500 reais para os atletas, para ter uma cobrança, sabe, absurda, algo assim passível de um uma condenação, um assédio moral, dentro do clube. Isso eu vi estando lá. Isso eu estou falando porque eu vi lá – argumentou.

Vice-presidente de remo, João Gualberto Teixeira de Mello defendeu o clube e deu sua posição.

– Vamos começar esclarecendo: atleta amador não tem “salário ” e, sim, ajuda de custo. O Botafogo hoje não tem mais a renda proveniente do futebol, que ficou com a SAF. Vivemos hoje da contribuição mensal dos sócios (taxa de manutenção) e de algumas receitas patrimoniais que ficaram com o clube (aluguel de lojas do shopping, aluguel da churrascaria etc). Mesmo assim, o Botafogo faz um esforço no sentido de remunerar os seus atletas de ponta com valores justos, mas não podemos fazer loucuras que comprometam o equilíbrio de receita e despesa – explica o dirigente.

– Acho que qualquer atleta de alto rendimento de nível olímpico é naturalmente cobrado, embora no caso da Ana Sátila, que não tinha uma vice-presidência específica a quem se reportar, não vejo como ela pudesse ter esse tipo de cobrança – diz, refutando também o termo “abandono” do esporte olímpico no clube – prossegue.

– No meu caso, o remo olímpico e o remo de praia (nova modalidade olímpica já em Los Angeles 2028) estamos reestruturando o departamento, apostando na base (seremos campeões da categoria Júnior B, de 15 e 16 anos) e reequipando o departamento com máquinas de remo indoor (remoergômetros) e novos barcos. O basquete, pelo que sei também está recebendo toda a atenção do clube. Não podemos, é fato, querer disputar todos os esportes amadores, dada a escassez de recursos. Preferimos nos concentrar em poucos, nos quais possamos fazer boa figura – completa o dirigente.

Fonte: Redação FogãoNET e GE

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