Sandro é um ex-jogador identificado com o Botafogo e querido pela torcida, pela forma que representou o clube em períodos delicados. O ex-zagueiro concedeu entrevista à Botafogo TV no último sábado (20/9), antes da vitória sobre o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro, e recordou sua passagem pelo Glorioso entre 1999 e 2004.
– A gente roeu aquele osso que nem para sopa prestava mais, né? Era um momento muito difícil do Botafogo. Mas a grandeza do Botafogo, a grandeza da camisa e a imensidão de sua torcida no país inteiro nunca deixaram o Botafogo acabar. Pelas administrações, com todo o respeito a todos que passaram, eram administrações muito precárias, muito difíceis, mas a grandeza do clube não deixou acabar, pela grandeza do escudo, pela torcida. O torcedor do Botafogo é fiel, viu? Eu falo porque eu acompanho de perto, existem muitos botafoguenses no Nordeste, tem muitos botafoguenses onde eu passo. Às vezes um ou outro me conhece, me reconhece, porque eu fiquei careca (risos), então assim, fica mais difícil, mas um ou outro reconhece e eu vejo o carinho que eles têm pelo Botafogo. Então era um momento difícil, mas quem sustentou o clube foi a sua torcida, pela sua paixão. Grandes botafoguenses, com uma condição melhor, ajudavam na época também financeiramente, e era o que se conseguia. O Botafogo na época dependia muito de renda, não era uma coisa fácil – lembrou.
– E as pessoas falam “poxa, Sandro, na sua época era difícil”, principalmente os ex-jogadores. Cada um tem sua época, a nossa época foi aquela, foi aquele momento que Deus preparou para a gente estar ali, e fui feliz. Sou feliz em ter passado aquela época, mesmo em um momento difícil, ali que eu me tornei botafoguense, porque eu joguei quatro anos no Santos, joguei sete anos no Sport e joguei seis aqui no Botafogo. Mas foi um clube que eu me apaixonei pelo sofrimento, sem brincadeira. Todo ano era um sofrimento que a gente passava, cai não cai, sem estrutura física, de musculação, muitas vezes não tinha energia no vestiário, não tinha água para tomar banho, porque cortavam a água. Sim, as pessoas que passaram no clube naquela época sofreram bastante, mas foi um momento, o momento era aquele para a gente passar, como Garrincha passou dificuldade lá atrás, como Nilton Santos, como Heleno de Freitas, como Mendonça, como Manga, esses caras também não tiveram vida fácil e se tornaram grandes jogadores da Seleção Brasileira e grandes jogadores do Botafogo. Eu não lamento nada, eu só tenho a agradecer a Deus por tudo que eu passei aqui no Botafogo. Passei momentos felizes também, claro, momentos de tristeza, mas momentos felizes também – destacou.
Sandro acredita que não há motivos para a torcida reclamar em 2025, apesar de o ano não ser bom.
– Hoje, o momento é ver esses jogadores que estão aí, um momento excelente, que o clube vem passando, às vezes eu encontro um torcedor na rua, e falam “poxa, Sandro, mas o Botafogo hoje tá…” Está reclamando de quê? Na minha época, eu brigava todo ano para não cair, ali o torcedor sofria, era desse jeito, foram seis anos brigando para não cair. Hoje o Botafogo joga em alto nível, então por isso que eles têm essa cobrança grande, porque além de eles terem uma grande estrutura, eles também são grandes jogadores, e o torcedor sabe o que eles têm para dar. Mas o torcedor podia pegar um pouco mais leve, porque eu vim aqui quarta-feira no jogo contra o Mirassol, e eu vi uma cobrança, lógico que estava ganhando por 3 a 0, a cobrança muito grande em cima do treinador, dos jogadores, mas foi um momento que o Mirassol veio para cima e conseguiu chegar, mas assim, reclamar de quê? Acabamos de ser campeões brasileiros, que fazia anos que não o Botafogo era, foi a primeira vez campeão dos Libertadores, e disputamos sempre títulos em alto nível. O Botafogo hoje está de parabéns pela sua administração, do presidente, pela SAF, pelos funcionários, pelos jogadores, também pela comissão técnica, está passando por um grande momento do Botafogo. De 2023 para cá são grandes momentos – completou.