Com a possibilidade de conquistar os títulos da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, o Botafogo de 2024 tem sido comparado pela imprensa com o Flamengo de Jorge Jesus. Perguntado em entrevista ao “Globo” sobre esta análise, Artur Jorge foi sincero e respondeu de bate-pronto quando o rival foi citado.
– De 2019 (risos). Vi muito porque, quando Jorge Jesus veio para cá, foi massivamente acompanhado em Portugal. Pela dimensão do clube, da mesma forma que o Abel Ferreira é no Palmeiras. Podemos dizer que o objetivo é o mesmo. Mas os contextos são diferentes: dimensões e grifes de um e outro clube, dos jogadores… Mas o Botafogo de 2024 é uma equipe perfeitamente capaz de se nivelar com aquelas que foram as melhores que já disputaram os Brasileiros – garantiu Artur Jorge.
O treinador do Botafogo foi direto quando perguntado se os comentários sobre o alto investimento do clube o incomodam.
– Estou muito bem resolvido com aquilo que é meu trabalho e não vivo dependendo daquilo que se fala de mim ou do meu time. Vivo de resultados. É o melhor cartão de visitas. Nós vemos e sabemos que não fomos o único clube a investir. Havia sete ou oito times que começaram o Brasileirão querendo o título. Investiram para ser campeões. Uns com mais poder econômico, outros com mais grife, mas todos com a mesma missão – explicou.
– O campeonato vai fazendo uma seleção natural. Hoje temos três grandes candidatos ao título: nós, o Palmeiras e o Fortaleza. E o Flamengo, um bocadinho mais difícil. Fala-se naturalmente do John Textor, uma pessoa que investiu em um clube que estava perdido e foi a tábua de salvação para ambicionar por títulos. Mas eu não fui o primeiro treinador a chegar nessas condições. Quando cheguei, o Botafogo já tinha uma temporada de John Textor, um Botafogo que jogava o que jogava, mas não me compete julgar – acrescentou.
Artur Jorge acredita que a competição no futebol brasileiro é também na quantidade de investimento, com diversos concorrentes.
– Não fico incomodado que se possa falar mais sobre o poder que o Botafogo tem hoje. Não é um grande tema, porque outros clubes investiram muito também. Disputamos muitos jogadores com outros clubes e perdemos, porque pagaram mais. Ou porque pagaram o mesmo, mas o jogador preferiu ir, porque, no entender dele, a grife daquele clube era maior que poderia ser a do Botafogo. Estamos na final da Libertadores porque fomos a equipe que mais investiu na América do Sul? Não. Chegamos lá porque fomos melhores, mais competentes. Trabalho de campo e não preço de jogadores. Hoje, temos alguns clubes que investiram muito para serem campeões brasileiros e estarem na final da Libertadores e ficaram pelo caminho. Eles têm que assumir esse erro e não ficar apontando e tentando justificar o que é sucesso dos outros – concluiu.