Ainda incomodado com a saída do Botafogo em janeiro, quando escolheu ir para o Al-Rayyan, do Catar, Artur Jorge admitiu ao “Abre Aspas, do “GE”, que gostaria de ter tido uma valorização maior para a temporada 2025. Ele citou o exemplo de Abel Ferreira no Palmeiras, mas evitou culpar John Textor pelo desenrolar dos fatos.
– Eu não gosto muito de falar sobre o tema. Nós temos que reconhecer que o Textor, primeiro, é o grande responsável por ter me trazido para o Botafogo. É uma pessoa a quem estou eternamente grato pela oportunidade que me deu de treinar o Botafogo. É de fato um gestor que fez (o clube) crescer e lutar por objetivos maiores. É uma pessoa de importância muito grande para o clube. Não posso, nem sou, ingrato pelo que quer que seja. Agora, a valorização… Dos técnicos, eu estaria na oitava posição dos mais bem pagos do Brasileirão de 2024. Acho que o meu trabalho foi merecedor de ser considerado (mais valioso), aquilo que foi o trabalho desenvolvido. E isso é mostrando competência, que depois é ou pode ser reconhecida. Não tivemos oportunidade de falar de continuidade, só sobre saída. Foi a única conversa que tivemos para terminar o ciclo. E a minha exigência era terminar o ciclo. Poderia ter saído mais cedo, mas jamais faria. Prefiro ganhar o título do que ganhar mais um real – declarou Artur Jorge.
– As coisas são assim no futebol. Nós temos que saber lidar. Isto também é o sistema, temos que saber viver nele. A proposta e a possibilidade que havia para sair mais cedo, e que se acentua quando termina o campeonato, quando está mais aberto para poder avaliar possibilidades, faz com que você tenha que pensar em vários cenários e contextos. O que eu optei para mim foi o encerramento desse ciclo aqui no Botafogo, tendo em conta aquilo com que me deparava e o que eu tinha pela frente. Tenho que tomar decisões, pensar naquilo que possa ser o melhor. Mas óbvio que eu não posso dizer que tenha ficado satisfeito por sair do Botafogo – explicou.
O treinador queria ter seu trabalho mais reconhecido pelo Botafogo.
– Temos que ser consistentes naquilo que é o projeto, a valorização. E temos que saber que os projetos, para mim, fazem parte se forem projetos. Ou são mais importantes e valiosos se forem de longa duração. Isso pode parecer um contrassenso naquilo que aconteceu comigo, mas é verdade. Temos um exemplo aqui no Brasil, do Abel (Ferreira, do Palmeiras), que é um treinador ganhador, que tem toda uma proposta de projeto com o seu próprio clube, mas que foi sempre, em cada momento de conquista, valorizado de forma pessoal. E não falo só de dinheiro, falo daquilo que é a sua importância e a sua valorização dentro do clube. Este é um exemplo que eu gosto de dar como referência porque me parece importante. Não há nada nem ninguém mais importante do que o clube, isso é inegável, mas depois nós podemos dar ou não mais reconhecimento a quem de fato trabalha e faz o clube ganhar – disse o técnico.
Artur Jorge lamenta também não poder disputar o Super Mundial de Clubes.
– Estou vendo esse Mundial com alguma inveja, confesso (risos). Era, juntamente com os dois títulos anteriores (Brasileirão e Libertadores), uma competição da qual gostaria muito de ter participado. Eu queria estar lá e fiz também a minha parte para isso. Mas não há o melhor dos dois mundos, e temos que tomar decisões. Vejo, acima de tudo, com grande orgulho. Um orgulho grande de ver o Botafogo, de ver grande parte dos meus jogadores fazer parte de uma competição como esta – apontou.