Campeão brasileiro e da Libertadores em 2024, o Botafogo teve que superar não apenas adversários em campo, como fatores externos. Como ataques de parte da imprensa ou lembranças de 2023. Em entrevista ao podcast “Conta & Manda”, o técnico Artur Jorge lembrou um episódio em que teve que intervir em uma entrevista coletiva.
– Por duas razões, acima de tudo. A primeira, porque eu senti que (a pergunta) ia causar desconforto aos meus e eu defendo os meus, e os meus são os meus jogadores, até a morte. Eu precisei de ali mostrar o meu papel de líder, mais uma vez, ao meu capitão (Marlon Freitas). E o meu capitão é bravo. O meu capitão é bravo mesmo. E eu senti que ele ia precisar ser mais do que ele. E eu senti que tinha alguém mais forte ainda do que ele. Ou seja, ele perceber isso era importante. E depois, porque honestamente, do ponto de vista jornalístico, custa muito a entender aquilo que é a existência de questões, oito meses depois, seis meses depois, de estarmos a falar daquilo que passou para trás. Honestamente, não consigo entender qual é que é o interesse jornalístico para podermos continuar a alimentar um assunto que não é assunto. Eu não acho que isso fizesse sentido algum – destacou Artur Jorge.
– Não há coincidências. E nós sentimos em muitos momentos que procuraram desestabilizar aquilo que era a equipe do Botafogo. Procuraram desestabilizar, porque o Botafogo tornou-se um rolo compressor. E para aquilo que foi, quem não acreditava, quem achava impossível que esta equipe tivesse esse desempenho, essa performance, havia a necessidade de criar, de aproveitar todos os pontos soltou que pudessem aproveitar. E tinha que vir alguém que não deixasse, que cortasse. Precisei ser esse – admitiu.
Artur Jorge relembrou que o 2024 do Botafogo foi marcado por momentos especiais.
– Eu não sou muito crente nessas possibilidades. Mas, de fato, eu também tenho os meus momentos de poder fechar os olhos e ver muito do filme 24. E há coisas, de fato, que me arrepiam. Há coisas que me impactam muito. E esse é um deles. Esse é um deles (gol do Júnior Santos na final). O que mais? Por exemplo, o Gregore fazer o último gol contra o São Paulo. São momentos. O Tiquinho fazer o gol para o Palmeiras, contra o Palmeiras. Em que eu disse no final, quando cheguei com ele, disse tinha que ser tu. Estava escrito. O ano passado foste o Cristo. Porque eu vi o jogo em Portugal, o fatídico jogo. E o Tiquinho tem esta redenção. O Adryelson foi expulso e fez o gol no Palmeiras. Há coisas que, repare, já lhe dei aqui quatro exemplos de momentos. As coisas foram acontecendo com um propósito. Como disse o meu capitão, e eu reforcei atrás, ele disse “tinha que ser aqui” e eu disse “vai ser aqui”. E foi. Isso foi uma coisa que nos marcou sempre naquilo que era a crença. Nós conseguimos. Nós sabíamos dentro que as coisas iam ter um propósito. Nós falávamos muito disso. Que no topo estava lá alguma coisa à nossa espera e porque tínhamos que escalar – declarou.
O treinador português contou ainda por que não considera que o ano foi perfeito.
– Não está na perfeição porque nós não ganhamos a Copa do Brasil. Eu também queria ganhar essa copa. Isso eu posso desejar. E saímos injustamente dessa competição. E é claro que saímos empurrados dessa competição – disse, referindo-se à absurda expulsão de Gregore contra o Bahia.