Próximo de deixar o Botafogo para ir para o Al-Rayyan (QAT), Artur Jorge se impressionou com um aspecto no Brasil. Foi a paixão dos torcedores. Em entrevista ao site “Mais Futebol”, o treinador contou sua percepção.
– Hoje sou treinador, já fui jogador, mas sempre fui e serei um torcedor de futebol. Ser torcedor é paixão, viver de forma intensa. Não conheço lugar onde a paixão pelo futebol seja vivida de forma mais bonita do que no Brasil. Cada jogo é uma festa, antes, durante e depois. Tenho a minha cara tatuada no corpo de algumas pessoas. Por exemplo, uma imagem minha com a taça durante um passeio na enseada de Botafogo, após a conquista da Libertadores. Tivemos um percurso de 800 metros em que o ônibus não andava, estava bloqueado por um corredor humano impressionante. Numa das cidades onde fomos jogar, houve um adepto que chamou por mim e estava a empunhar uma foto dos meus pais… – exemplificou Artur Jorge.
– Depois percebi. Esse torcedor tinha vindo a Braga e, como estava com a camisa do Botafogo, foram até os meus pais a abordarem-no. Há inúmeras histórias de paixão dessa torcida, que era muito sofrida e estava muito carente de títulos – adicionou.
Artur Jorge passou a ser reconhecido por torcedores nas ruas.
– Era abordado de uma forma invasiva, mas correta, até por muitos adeptos de torcedores rivais. Logo no início, fui conhecer os ponto turísticos do Rio de Janeiro. Depois desse tour, a minha vida reduziu-se mais a casa e trabalho, mas não deixei de ir à praia fazer umas caminhadas no calçadão da Barra da Tijuca, onde eu morava. Levava um chapéu e uns óculos para me mascarar e tentar passar despercebido. Ia ao shopping, a uns restaurantes no Leblon e em Ipanema, na zona sul, sempre num circuito um pouco fechado. Fui também ao cinema e a concertos. Sei que vivia dentro de uma bolha, mas quis também ter alguma vida social, para lá de andar de carro blindado com um motorista, que me deixava ficar em cada local – disse o treinador, que hoje é mais reconhecido também em Braga.
– O contato tem sido maior. Até porque alargamos à grande comunidade brasileira que existe em Braga. Já tive oportunidade de ir ao centro da cidade e há pessoas que vêm felicitar-me pelas conquistas, alguns com palavras sentidas de orgulho, por termos um bracarense numa posição de destaque. Houve também muitas famílias brasileiras que me abordaram. Pedem fotos, até já fizeram algumas videochamadas familiares no Brasil. Muita gente a dizer-me: “Eu ficava acordado até tarde, para ver os jogos». Sendo um treinador de Braga, isso faz com que as pessoas daqui também se sentissem um bocadinho torcedoras do Botafogo – encerrou.