Jorge Jesus, Abel Ferreira e Artur Jorge. Três treinadores portugueses que vieram recentemente para o Brasil e conquistaram a Libertadores. O comandante do Botafogo (que está próximo de sair) se orgulha de estar nessa prateleira e destaca o motivo do sucesso dos técnicos do seu país.
– Competência. Não é um dado adquirido que o treinador português vá ter sucesso no Brasil. Este ano, chegamos a ter seis a competir no Brasileirão na mesma altura e acabamos só dois: eu e o Abel. Esta marca de sucesso é feita de rigor, disciplina, competência e também recursos para fazer um bom trabalho. Jesus e Abel são referências fortes. Acho que eu também consegui deixar essa marca. O meu registro iguala esses dois nomes numa galeria de notáveis, numa elite pelo que fizemos no Brasil. O Botafogo foi associado a qualidade de jogo, a intensidade… Havia um reconhecimento quase geral de que éramos a melhor equipe a jogar futebol na América do Sul. Isso até poderia não resultar em títulos, mas conseguimos juntar essa mentalidade ao sucesso esportivo e confirmar o selo de qualidade português – destacou Artur Jorge, em entrevista ao site “Mais Futebol”.
O treinador admitiu que, caso o Botafogo não fosse campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, ele tinha um motivo pelo qual gostaria que o Palmeiras ganhasse: Abel Ferreira.
– Só conversamos quando jogamos um contra o outro. Somos amigos desde Braga. Trabalhamos juntos no Sporting Braga. A rivalidade sente-se muito, até porque Palmeiras e Botafogo criaram uma realidade que não existia há uns anos. O Abel e o seu Palmeiras foram uns competidores tremendos, deram-nos muito trabalho, lutaram até ao fim e obrigaram-nos a andar sempre no limite. Isso valorizou o campeonato e também a Libertadores, porque passamos por eles também nessa competição. Apesar de não perdermos qualquer jogo contra eles neste ano, o Palmeiras é uma equipa fortíssima. Não sendo eu campeão, que fosse o Abel. Porque trabalha, faz por isso e tem uma belíssima equipe – elogiou Artur, que se impressionou com o nível do futebol brasileiro.
– Posso confessar aqui de que gosto mais do Campeonato Brasileiro do que do português. Há oito, nove equipes candidatas ao título e isso gera uma grande competitividade em cada jogo. O jogador brasileiro tem uma qualidade acima da média, que quando potencializada de forma coletiva acaba por fazer a diferença. Outro aspecto fundamental é a paixão com que os torcedores vivem os jogos. O campeonato é muito vivo. Não tive jogos fáceis, mesmo havendo duas ou três equipes abaixo da média, foi aí onde perdi mais pontos. Botafogo, Palmeiras, Flamengo, Internacional e Fortaleza chegaram às últimas rodadas com a possibilidade de serem campeões. Curiosamente, destas cinco equipes, três delas são treinadas por estrangeiros – completou.